Suzana Andria, secretária de Meio Ambiente de Reserva do Iguaçu – PR | Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

Por Nara Coelho

Suzana Andria demonstra nitidamente a paixão por tudo que envolve a questão ambiental, essa técnica em agropecuária e gestora ambiental aceitou o desafio de ser a secretária municipal de Meio Ambiente de Reserva do Iguaçu. “Como eu sabia das condições que se encontrava a questão ambiental no município, sabia que seria um grande desafio, como está sendo, relutei para aceitar, fiquei um pouco nervosa no início, mas, vamos indo devagar e vencendo aos poucos”. Contou Suzana.

UMA SECRETARIA TÉCNICA

A secretaria de Meio Ambiente vai muito além de varrer e cortar grama ou coletar resíduos, ela é muito técnica, “Essa secretaria é muito técnica, os órgãos estaduais e federais cobram constantemente dados ambientais do município, porém, muito operacional, porque temos que fazer trabalhos que são contínuos, como a coleta do lixo e outros”. Explicou Suzana. Na secretaria existe um técnico florestal, não tem o técnico de meio ambiente, “Essa falta de profissionais dificulta bastante o trabalho, infelizmente no concurso não passou ninguém, esperamos que o município chame o gestor ambiental que está na vaga, pois esse suporte técnico faz toda a diferença no nosso trabalho”.

Nesse momento a secretaria está sem os terceirizados aguardando licitação e contratação, assim está com a equipe bem reduzida.  

RECURSOS

Com um orçamento pequeno e com grandes tarefas, metade do recurso já está comprometido com a folha de pagamento. A primeira questão que a Suzana enfrentou foi como buscar recursos.

“Vimos na Estação Ecológica a nossa solução, pois além de garantir toda proteção ä fauna e flora local, ela traria o ICM ecológico para o município, trazendo recursos financeiros para o meio ambiente, também para outras áreas como educação e saúde”.

ESTAÇÃO ECOLÓGICA

Para a secretária todo o processo de organização da Unidade de Conservação Ecológica foi uma aprendizagem, o primeiro ano foi complicado, pois não tinham recursos, mas, com parcerias conseguiram realizar o levantamento da fauna e flora e hoje já tem convênios que tem ampliado a pesquisa e mostrado a biodiversidade da área. “Hoje estamos trabalhando em parceria com o IAP para reflorestar a parte que foi degredada e retirados os pinus, que era planta exótica, com mudas de imbuia, pinheiro e canela sassafrás”.

A equipe que trabalha na Estação é muito dedicada e não mede esforços, recebendo inclusive elogios dos pesquisadores.

A escola que existia no território da Estação e que estava desativada foi transformada em alojamento para os pesquisadores.

Com as famílias que moram no entorno, a proposta é trabalhar com o manejo de plantio de araucária, erva-mate e pastagem, “ Pensamos na erva pois as famílias já tem a tradição do extrativismo e as araucárias serão de enxerto, assim em torno de 8 a 10 anos já estarão produzindo pinhão e para quem quiser, teremos também a possibilidade de consorciar com a pastagem”.  Num primeiro momento, o trabalho com hortifruti está na linha de subsistência.

COLETA DE RESÍDUOS

A coleta do lixo é um desafio, pois precisa ser feita diariamente, o município realiza a coleta separada do lixo orgânico e rejeito, é feita por um caminhão e o lixo seco ou reciclado é feito por outro. ”Esse trabalho é um desafio constante, pois são duas equipes na rua todos os dias, e temos sempre os imprevistos, chuvas, caminhão que estraga atrasando a coleta, mas estamos sempre acompanhando de perto para que tudo aconteça da melhor forma possível”.

SEPARAÇÃO DO LIXO

Um bom número da população já separa o lixo. Devem ser feitas apenas as separações do lixo úmido, que é o orgânico, o rejeito e o lixo seco, que é o reciclado.

Contudo, ainda existe um bom número de pessoas que não separam e querem que os operadores peguem tudo misturado, “Os operadores conversam, explicam que não podem levar, que são caminhões separados, orientamos, enviamos documentação, mas a resistência ainda é grande”.  Para ela, a questão do lixo é um desafio enorme. “As pessoas não compreendem que elas são responsáveis pelo lixo que produzem, que ele só passa a ser responsabilidade da prefeitura depois que o recolhe”.

ASSOCIAÇÃO DE CATADORES BOM JESUS

Sete famílias sobrevivem do trabalho de separação do lixo, Suzana explicou que o município dá todo o suporte. “O caminhão e os operadores que fazem a coleta são de responsabilidade do município, no barracão eles separam e vendem os reciclados e os rejeitos que vem junto nós levamos para o aterro”.

BARRACÃO DA RECICLAGEM

 Como o barracão em 2017 pegou fogo e sua estrutura foi condenada, o que restou foi demolido, a secretaria, com o dinheiro da venda dos pinus e mais recursos próprios, totalizando uma verba de 180 mil reais estará reconstruindo o barracão com 500m² que terá refeitório e banheiros, “Hoje eles estão trabalhando de forma precária, pois o fogo destruiu os equipamentos, na próxima venda dos lotes de pinus  compraremos os equipamentos”.

EMBELEZAMENTO DA CIDADE

“Não tem sido fácil, mas temos conseguido realizar algum embelezamento na cidade”, declarou Suzana, e contou que foram plantadas nas avenidas manacás e colocadas floreiras.

O projeto de revitalização da Praça Ecológica que foi realizada em parceria com o Conselho de Meio Ambiente, “A parceria com o Conselho tem nos ajudado muito, a atuação deles é muito significativa”

ATERRO

O aterro é um setor que exige cuidados diários. “Deixamos em 2012 o aterro licenciado e organizado e encontramos em 2017 um lixão a céu aberto”.

Para reorganizar o aterro eles preparam a metade de uma vala, que estão utilizando a dois anos. O aterro exige teste e cuidados periódicos pois, segundo Suzana, qualquer descuido pode danificar o solo e contaminar o subsolo. A cada quinze dias é preciso compactar o lixo e plantar grama. “Para reorganizar o aterro, mantê-lo, não sai barato, mas o custo é menor que contratar uma empresa para realizar o transbordo do lixo”.

Suzana destacou que só consegue manter o aterro cuidado com a parceria com a secretaria de Obras, pois precisa do maquinário para a compactação do lixo.

CEMITÉRIO

 A secretaria está organizando a licença ambiental do cemitério, pois se ele não for legalizado, o município poderá receber multas. Todo o cuidado com o cemitério, limpeza e corte de grama é de responsabilidade da secretaria, não há custos aos munícipes. “Legalizar o cemitério e manter em ordem sai caro, pois precisamos realizar o controle de contaminação do solo, mas tem que ser feito, pois do contrário corremos o risco de sermos multados”. 

PROTEÇÃO DE NASCENTES                                      

A secretaria realiza a proteção das nascentes em parceria com os proprietários. A secretaria entra com a orientação e fornece as mudas e o proprietário adquire o material necessário. As pessoas carentes se cadastram na secretaria de Assistência Social e recebem os materiais.” Só não protege as nascentes quem não quer, pois nós estamos sempre prontos a ajudar, a fazer a proteção”. 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Com uma boa parceria com a secretaria de Educação, tem sido possível realizar nas escolas da rede municipal um trabalho de educação ambiental com ênfase na escola de Santa Luzia, onde estudam os alunos que moram na área de amortecimento da Estação Ecológica.

 Na semana de Meio Ambiente foram realizadas dinâmicas, palestras, plantio de arvores e flores. “Foi possível realizar tudo isso porque contamos com parceria das secretarias de educação, assistência social, comércio local, funcionários, Emater. Foi muito bom, recebemos um ótimo feedback”.

TRABALHO DE MUITOS

Suzana terminou a entrevista ressaltando o trabalho da equipe da secretaria, e que o trabalho é sempre realizado por muitos, “Nossa equipe é pequena, mas todos são muito dedicados, esforçados, só conseguimos realizar o trabalho porque contamos com a ajuda das demais secretarias. Contamos com a confiança do prefeito Sebastião Campos no nosso trabalho”.

 

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