Prova de amor maior não há do que entregar a vida pelo irmão. Todos conhecemos o refrão dessa singela canção. Não apenas conhecemos como, também, é mais do que certo que muitíssimas vezes nós o cantamos e, penso eu, que por mais duro que seja nosso coração peludo, é difícil que essas palavras, com sua simplicidade, não tenham tocado o íntimo de nossa alma.
Palavras. Como é fácil dizê-las. Como as dizemos com facilidade sem meditarmos sobre o universo que habita os átrios pulsantes de suas curvas e traçados. Levianamente as utilizamos para o bem, para o mal, para toda e qualquer bobagem que nos dê na ventana e, fazemos isso, porque imaginamos que a forma como utilizamos elas, as palavras, seria a forma correta, corretíssima, porque esse é o jeito que nós, em nossa egolatria, as significamos.
Uma palavra que, frequentemente, está em nossos lábios, tendo o seu sentido mutilado, das mais variadas formas, pela nossa leviandade nada original, é a palavra amor.
Todos nós já devemos ter visto, aqui ou acolá, postagens com os dizeres: “amor é amor”. Uma postagem fofa, mas que não quer dizer nada com coisa nenhuma. É similar a dizermos que cultura é cultura; paz é paz; tolerância é tolerância e assim por diante.
Creio que quando alguém diz que “amor é amor” não está querendo dizer a mesma coisa que uma pessoa que diz, quando canta, que “prova de amor maior não há do que entregar a vida pelo irmão”.
Podemos, como bons filhos da modernidade, dizer ao mundo o que nós consideramos como sendo o tal do amor e, como bons cidadãos criticamente críticos, podemos exigir que todos reverenciem o que estamos apresentando como sendo algo digno de louvor, mesmo que isso não seja uma expressão excelsa do que seja o tal do amor. Podemos, sim, fazer isso; mas, creio eu, que não deveríamos seguir por esse carreiro não.
Ou então, se formos um pouquinho ousados, podemos olhar para um crucifixo e, com humildade, pedirmos para Aquele que entregou a sua vida por nós, por cada um de nós, para que Ele nos ensine a amar.
Pois é. Fala-se, também, três por quatro de Cristo, inclusive, muitas vezes, alguns gostam de apontar o dedinho acusador para os outros, questionando [criticamente] seu interlocutor nos seguintes termos: “se Jesus vivesse hoje, o que Ele diria a você?”
Parêntese: Ele vive; Ele está vivo, hoje e sempre. Fecha o parêntese.
É uma obviedade ululante que qualquer um que faça esse tipo de inquirição o faça de forma maliciosa. Na verdade, o que se está dizendo para o outro é que sua pessoa reprova o seu desafeto e que vê, a si mesmo, como sendo a coisinha mais linda do mundo. No fundo seria somente isso.
Bem, se somos ou não esse tipo de pessoa, que faz esse tipo de pergunta mal-intencionada, isso é algo que devemos apresentar ao Senhor, não ao vozerio da multidão. Cada um sabe – ou, finge que sabe – o que há em seu peito.
Porém, penso que podemos, a partir desse questionamento safado, formular outra pergunta, nos seguintes termos – vem comigo: imaginemo-nos acompanhando a paixão de Cristo; imaginemo-n0s junto Dele no alto do monte Calvário, pendurado no alto do madeiro da Cruz e ao lado da Virgem Santíssima, com seu coração transpassado de dor, ao ver seu filho agonizando por nós. Imaginou? Imaginou mesmo? Muito bem, agora, imagine-se perguntando para Ele o seguinte: “Senhor, o que eu devo fazer para ser minimamente digno do seu sacrifício de amor?”
Imagino que a resposta será desconcertante. E será porque o que nós muitas vezes chamamos de amor é algo que nada tem que ver com aquilo que é o amor. E como fazemos isso. Meu Deus! Como fazermos.
Enfim, voltemos nossos olhos para Aquele que triunfou no alto do monte Calvário e simplesmente peçamos para que Ele nos ensine a amar como Ele nos amou. Peçamos e tentemos, na medida de nossas limitações, aprender com Ele que é manso e humilde de coração.
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
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