Foto: Reprodução/PUCRS

Não custa nada aos pais, só precisam encaminhar os filhos ao projeto

Por Luana Caldas Martins – Estagiária de jornalismo

 A campanha Setembro Amarelo continua, e vale lembrar que a temática é um assunto que merece atenção durante o ano todo. Falar sobre suicídio não incentiva o ato e sim, previne. A informação deve vir como dados, quando ocorre, porque ocorre e deve promover o incentivo à reflexão.

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, o número de indivíduos que pensou ou já tentou praticá-lo é muito maior. Muitas vezes o assunto é tratado como tabu, dificultando a busca de ajuda e aumentando os casos, que podem ter origem em vários outros problemas psicológicos.

PROJETO

A psicóloga Danielli Martins sugeriu desenvolver no Colégio Estadual Professor Mario Evaldo Morski, onde leciona, um projeto piloto com objetivo de alcançar os casos de vulnerabilidade chamado Psicologia na Escola. É uma atividade que por meio da arteterapia faz o jovem se manifestar, ter contatos e vínculos fáceis de serem construídos com os outros e consigo mesmo.

 Isso é reforçado pelos participantes: “O projeto me ajudou muito. A quantidade de laços que criamos lá é tão forte que a segunda, dia de nosso encontro, se tornou meu dia favorito, que ajuda a sobreviver o resto da semana sem acabar se frustrando.

Acho que se as pessoas parassem com esse preconceito de “psicólogo é para gente doente” a quantidade de adolescentes e crianças mentalmente saudáveis seria bem alta” diz a aluna participante do projeto. A contribuição dos participantes do projeto por meio de seus depoimentos se torna inspiração para outras vidas que sentem acolhimento a partir de incentivos assim.

“Isso é o que mais prezamos no grupo, respeito acima de tudo e isso nos torna melhores psicologicamente, mesmo com idades diferentes, nós temos os mesmos pensamentos sobre certas coisas que nos tornam amigos, independente de gênero, cor, opção sexual ou qualquer outra coisa, essa é a principal característica que uma escola deve prezar em seus alunos, o respeito e a cumplicidade independente das diferenças, além do conhecimento sobre outras realidades que não fazem parte da sua”. Aluno participante do projeto.

ALCANCE

 O projeto atende jovens de 12 a 18 anos e tem funcionado voluntariamente pela equipe psicológica, que é composta também por alunas do 4º ano da Formação de Docentes que possuem interesse na área, Thainara Makuch e Kauanne Caldas. Assim, o projeto recebe todo o apoio da escola e promove o contato para os estudantes ingressarem no mercado de trabalho.

Como expectativa espera-se expandi-lo no município, pois ele ainda não consegue abranger a parcela total de público necessitado, mas para isso é importante que conte com a iniciativa voluntária de mais psicólogos. Danielli menciona que foi convidada pelo Núcleo Regional de Educação para iniciar o Psicologia na Escola também na cidade de Guarapuava, considerando a importância de se falar sobre saúde mental e promover atendimento especializado. E nesta semana a parceria foi fechada a nível estadual, o projeto será aberto em Guarapuava junto ao Núcleo.

VISÃO PEDAGÓGICA

 A pedagoga Claudia Aparecida Baggio destaca que o projeto veio de encontro com todas as necessidades do Colégio. A instituição sempre deu suporte com encaminhamentos, mas faz toda a diferença promover um atendimento profissional no ambiente, considerando as problemáticas econômicas e de diálogo de alguns pais. “É uma terapia em grupo que não custa nada aos pais, a não ser o cuidado de encaminhar os filhos para o projeto” diz.

Esmeralda Martins, mãe de um aluno também fala da importância em dar o apoio necessário aos filhos, e como é gratificante ver o desenvolvimento que eles têm na vida pessoal a partir do convívio em grupo e do diálogo.

OLHE AO SEU REDOR

É relevante atentar para os sintomas de quem está precisando de ajuda: isolamento social, tristeza profunda por mais de duas semanas, perda da vontade de fazer as atividades diárias, frases como “eu queria dormir e não acordar mais”, “eu queria sumir”, desequilíbrio do sono e da alimentação, sentimento de menos valia (nos adolescentes em especial), transtornos depressivos resultados de lutos mal elaborados ou outras questões, ações de esconder o corpo, entre outros sinais que merecem atenção, pois a prevenção acontece a partir do diagnóstico.

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