Francisco Carlos Caldas

Minha saudosa mãe, usava algumas expressões que me impactaram. Tempos atrás já narramos contexto, do “calça de veludo e bunda de fora”. E provavelmente em função disso, é  que nunca damos passos maiores que as pernas, que levamos uma vida com inadimplência zero, simples, sem dever nada a ninguém na parte financeira, já que dívida de gratidão, a regra é a gente sempre manter. Ela dizia estar “jururu” quanto estava triste; se referia a “rata” quando do feitio de alguma coisa inconveniente, e vexame e principalmente da vida social. E quem pensa  e reflete bastante, erra menos.

“Sarna para se coçar”, significa algo como “arrumar confusão“, “arrumar problema“. Geralmente, um problema desagradável, complicado, difícil, chato.

Em princípio e tese, ninguém  deveria gostar ou querer arrumar sarna pra se coçar e às vezes elas surgem sem menos esperarmos. Outras vezes, pessoas procuram “sarna para se coçar”, e aí, está a matutada mais útil e interessante.

Tem um velho ditado para não dizer velho deitado, que diz “Quem procura acha”, e a gente se prevenindo e evitando ao máximo aparecem problemas em nossas vidas, agora, dá para imaginar a problemática dos que procuram “sarna para se coçar”, ou chifre em cabeça de cavalo, pêlo em ovo, culpa e defeito só nos outros.

Na vida sentimental, a gente deveria refletir sobre a conduta da cultura oriental. Encarar um relacionamento, “ficada”, “paquera”, casamento ou união estável, com racionalidade, “como um negócio”, de forma que hoje, decisão de  morar junto sob um mesmo teto e ter filho ou filhos, são decisões que precisam ser muito bem estudadas, planejadas, senão vira caso de “sarna para se coçar”.  E se não der certo, a fila anda, e ninguém é dono de ninguém, e LIBERDADE é  direito inalienável e bem precioso.

Na atividade econômica, tudo tem que ser muito bem pensado. Feito muitas contas, pois, tem situações, que a pessoa entra no time do “se bobeando futebol clube”, ainda que estando entretido, ocupado, já seja alguma coisa positiva, pois, o ócio é oficina do capeta, e o trabalho em regra afasta de nós três grandes males no legado do filósofo francês Voltaire: o vício, o tédio e a necessidade.

Na vida política, há muito do “sarna para se coçar”. Agentes políticos que não tenham MECANISMOS DE DEFESA, ou sejam, “bonzinhos  e corteses demais com o erário e bens públicos” por causa de votos, a nossa cultura do “levar vantagem”, do “toma lá dá cá”, da praga do “patrimonialismo” e males do gênero que nos corroem, muitos se metem em enrascada, ou seja, fazem o que não deviam e podiam fazer, e gente que tem patrimônio adquirido de forma lícita, justa e honesta, e que não desviam  bens em nome de terceiros – “laranjas” acabam  tendo problemas, e reduzindo patrimônio e ficando mais pobre.

Diante desse contexto, a política virou muito atraente e interessante, para quem não tem nada ou quase nada a perder. Para os sem terra, sem teto, de patrimônio volátil, que na hora das responsabilizações, vira pobre, e uns até para se afastar de “dolo” que é exigido para  enquadramento em alguns crimes, de maravilhosos, competentíssimos e salvadores da Pátria em épocas de campanhas eleitorais, depois de eleitos se transformam em pessoa de muitas limitações, analfabetos políticos e até aceitam se passar por ignorante.

Com as reflexões acima, não estamos pregando, que as pessoas se acomodem, que não busquem e enfrentem desafios, que não queiram correr certos riscos, ou que levem a vida procurando “barranco para se encostar”, banco para sentar, rede para se balançar, “boca”, “encosto” no setor público, vida de “Jeca Tatu” do Monteiro Lobato; que não exerçam CIDADANIA, mas que tomadas de decisões da vida, sejam melhor estudadas, planejadas, pois quem faz isso  comete muitas besteiras e toma prejuízos, agora já dá para imaginar os afoitos, açodados, precipitados, ansiosos, e avessos: “ao devagar se vai ao longe”, “de grão em grão a galinha enche o papo”, “pouco com Deus é bastante”, e  do entendimento de que a simplicidade tem um grau elevado de sabedoria.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista, cidadão) 

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