Foto: Divulgação/SEMADS

Por Nara Coelho

O município de Reserva do Iguaçu possui hoje uma área de proteção ambiental de 1.862 hectares, sendo a maior área municipal contínua de proteção ambiental do país.

AQUISIÇÃO DA ÁREA

No último ano da administração anterior, 2016, foi enviado pelo executivo um protocolo de intenções para criação e aquisição da área de preservação ambiental ao legislativo da época. Como o legislativo considerou o valor muito alto, orçada em R$ 18 milhões, e devido a falhas encontradas nas questões técnicas do Protocolo de Intenções foi vetado pela Câmara.

EQUIPE TÉCNICA

Sabendo da importância para o município, o atual prefeito, Sebastião Campos,(MDB), junto com a secretária Suzana Andria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável compôs uma equipe técnica que foi formada pelo secretário de Administração  e Desenvolvimento Econômico Carlos Alessandro Machado, secretário de Educação e Esportes, João Fernandes Nunes Félix,pela contadora da prefeitura Sibeli Almeida e pela presidente do Conselho de Meio Ambiente Marta Gorete da Silva, que fizeram novos estudos e um novo Protocolo de Intenções, conversaram com o proprietário da área e conseguiram fechar por R$ 11.994.423 pela mesma área,economizando para o município R$ 6 milhões.

Levando em conta o endividamento do município, esse compraria uma parte da área em 2017 e em 2018 o restante, e assim foi feito, hoje a área está escriturada. “Para que tudo acontecesse com transparência, o legislativo fez uma audiência pública, na qual a população aprovou a proposta da área ambiental, esclarecidas as dúvidas os vereadores aprovaram a lei que criava a área de preservação, mostrando o quanto se preocupam com o município”, destacou Suzana.

AS ESTAÇÕES

Dentro dessa área de preservação o município criou duas Estações Ecológicas, a Francisco Paschoeto e a Corredor das Águas e por cada uma delas recebe por ano de ICMS Ecológico em torno de R$ 800 mil, totalizando um milhão e seiscentos mil reais, que no Protocolo de Intenções já define como deve ser gasto: 40% vai para pagamento da área, 20% para manutenção e investimento na educação ambiental e meio ambiente,25% deve ser investido na educação e 15% na saúde.

O prefeito ressalta que a importância das estações vai muito além do fator econômico, “O ICMS ecológico faz hoje uma diferença significativa nas finanças do município, porém,ter uma área de preservação municipal significa respeitar e investir nas novas gerações”.

FAUNA E FLORA

Suzana explicou que para realizar o levantamento de fauna e flora da área de preservação eles fizeram convênios com a Unicentro, com a UFTPR Universidade Federal Tecnológica do Paraná, campus de Campo Morão, e também está na parceria a UNESPAR Universidade Estadual do Paraná de União da Vitória, já  foi realizado um inventário que mostra quanto a fauna e flora são ricas.

O geógrafo Wellington Barbosa da Silva, professor da Unicentro que coordena o trabalho de pesquisa nas duas Estações Ecológicas, conta que foram feitos levantamentos do meio físico, de mastofauna, ou seja, de mamíferos, avifauna e mapeamento da unidade. “O que é importante destacar é que foram encontrados animais que estão em risco de extinção, ela é um refúgio para esses animais”.

O biólogo Sérgio Bazilio e sua equipe até o momento levantaram 23 espécies de mamíferos de médio e grande porte. Destes, 12 estão em algum status de ameaça em âmbito estadual, nacional ou internacional.

A bióloga Claudia Golec relata que em relação às aves já foram encontradas 151, que esse é um resultado preliminar,há presença de 14 espécies sob algum grau de ameaça de extinção.

O professor Marcelo G. Caxambu, que realiza o levantamento da flora, conta que já foram encontradas mais de 250 espécies,há muito mais, existem espécies como a araucária que a nível nacional é considerada uma planta vulnerável bem com as imbuias, também foram encontradas plantinhas de pequeno porte mas tão importantes quando as outras que estão em condição de raridades como uma orquidácea.

Wellington destaca a importância das Estações Ecológicas, “É preciso que as pessoas compreendam que é preciso preservar, que aquele mato tem um porquê de estar ali, que esses espaços de preservação garantem o equilíbrio e a saúde do município, além disso, é uma fonte de renda, pois ter no município uma área de preservação de mata leva ao recebimento do ICM ecológico, a nossa relação com a natureza tem que ser de sustentabilidade e racional”.

AÇÕES

Suzana explicou que além das pesquisas, eles, em parceria com a secretaria municipal de Educação,que tem à frente o professor Arnaldo estão organizando um projeto de Educação Ambiental, eque será trabalhado com todas as crianças do município, “Estamos iniciando pela escola de Santa Luzia pois lá estudam as crianças que moram no entorno da área de preservação”.

O técnico florestal, Emerson Adolfo Kuster, está iniciando os trabalhos  com as famílias que moram no entorno das Estações, tanto no sentido de mostrar sua importância como de desenvolver atividades de geração de renda e sustentabilidade familiar.

Suzana apontou que foram instaladas câmeras nas estações tanto para observar os animais como para segurança, e que o trabalho nas Estações é realizado por muitas mãos.

“Estamos sempre contando com a parceria das demais secretarias e claro, dos funcionários da nossa secretaria e dos que estão lá nas estações trabalhando direto, tudo acontece graças a essa união de forças”.

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