Edinei Ribeiro,  presidente  da AQUAÇU e Valmir Souza, engenheiro de aquicultura |  Fotos: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

Por Nara Coelho – Portal Fatos do Iguaçu


O município de Reserva do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, está prestes a se tornar um polo de aquicultura com a iminente implantação de um ambicioso projeto de criação de peixes em tanques-rede e tanques escavados. Liderado pela Associação de Aquicultores do Rio Iguaçu (AQUAÇU), o empreendimento promete gerar centenas de empregos, movimentar a economia local e consolidar a região da Cantuquiriguaçu como referência na produção de tilápias.

Um Sonho de Décadas se Concretiza

A Associação de Aquicultores do Rio Iguaçu, AQUAÇU, presidida por Edinei Ribeiro, empresário e pescador local, é o motor por trás dessa iniciativa. Embora formalmente estabelecida há quatro anos, a ideia de organizar os aquicultores da região e explorar o potencial do reservatório local remonta a uma década.

“Esse sonho de montar essa associação para criar os peixes em tanque-rede e em tanque escavado já vem de muitos anos”, afirma Edinei. A motivação para a criação da associação é multifacetada: o crescimento exponencial da aquicultura no Brasil, o mercado aquecido para a tilápia, o vasto potencial hídrico da região de Reserva do Iguaçu devido ao reservatório e a necessidade de organização para captação de recursos e mobilização.

Atualmente, a associação conta com 52 sócios, um crescimento significativo em relação aos 37 iniciais. Edinei destaca que a associação é uma ferramenta fundamental para a captação de recursos, citando parcerias com a Itaipu e a obtenção de emendas parlamentares. “Associação é uma ferramenta de captação de recurso”, complementa Valmir Souza, engenheiro de aquicultura que acompanha o projeto. Ele ressalta que a organização facilita a formação, mobilização e captação de recursos, inclusive próprios dos associados.

Um Projeto de Grande Escala e Potencial Econômico

O projeto prevê a criação de tilápias, uma espécie de origem africana que se adaptou bem aos reservatórios brasileiros. Serão três áreas de produção em nome da associação, todas localizadas na comunidade de Santo Antão, no interior do município. Cada área possui 5 hectares de lâmina d’água e capacidade para 1.500 tanques-rede. O potencial produtivo é impressionante: 3,6 mil toneladas de tilápia por ano, o que pode gerar um faturamento anual de R$ 28 milhões.

A previsão é que os primeiros peixes sejam colocados na água entre dezembro deste ano ou, no mais tardar, no início de 2026. Os alevinos, já juvenis, com cerca de 30 gramas, virão de laboratórios especializados.

Financiamento e os Desafios da Burocracia

O projeto conta com um sólido suporte financeiro. Uma emenda parlamentar já garantiu 16 tanques para a associação. Além disso, uma parceria estratégica com a Itaipu resultou na captação de R$ 796 mil, valor que será utilizado para a compra de mais 100 tanques e uma máquina de classificação de peixes, avaliada em R$ 168 mil. A associação aguarda apenas a liberação da Caixa Econômica Federal para formalizar o convênio e acessar os recursos.

Edinei Ribeiro

Edinei Ribeiro

Apesar do entusiasmo e do planejamento detalhado, o principal impedimento para o início da produção é a obtenção das licenças necessárias. Edinei Ribeiro detalha o processo burocrático: “A gente tem uma sequência de ações. A gente iniciou criando a associação, o CNPJ, entramos com o projeto no Ministério da Pesca e conseguimos a permissão de uso das áreas.”

A associação precisa da anuência da COPEL para a instalação das infraestruturas fora d’água. “Hoje a gente está na fase final da liberação da anuência da COPEL. De posse da anuência, entramos com o pedido de liberação junto ao IAT, que é a última fase do processo”, explica Valmir. A expectativa é que a anuência da COPEL seja emitida nos próximos 15 dias, abrindo caminho para a licença definitiva.

Mercado Aquecido e Geração de Empregos

Valmir Souza

O mercado para a tilápia está superaquecido, especialmente para exportação. Valmir Souza destaca que 90% da tilápia brasileira exportada vai para os Estados Unidos. Frigoríficos locais, como o de Quedas do Iguaçu, enfrentam escassez de peixe, o que demonstra a demanda existente. “Se abriu a boca, quer produzir, tem peixe, eles vêm buscar”, afirma Valmir.

Além da produção, a associação tem planos ambiciosos para o futuro, incluindo a construção de uma planta frigorífica própria em cinco a seis anos, e uma fábrica de ração. Esses investimentos visam agregar valor à produção e gerar ainda mais empregos. O impacto na geração de empregos diretos é significativo:

“A gente sonha com o frigorífico, a fábrica de ração, em gerar muito emprego. É um sonho ambicioso, mas a gente precisa sonhar alto para chegar ao objetivo”, comenta Edinei.

A Cooperativa: Um Elo Essencial para o Produtor

Paralelamente à associação, está em fase de estruturação uma cooperativa, cujo nome e CNPJ estão sendo finalizados. Essa cooperativa terá um papel crucial no ecossistema da aquicultura local. “Muita gente talvez não queira participar da associação, tem um tanque escavado. Ele pode criar sua tilápia lá e vender para a cooperativa”, explica Edinei. A cooperativa atuará como intermediária, comprando a produção de pequenos e médios produtores que, de outra forma, teriam dificuldade em comercializar seus peixes com grandes frigoríficos.

A associação, por sua natureza, não comercializa. A produção da AQUAÇU será transferida para a cooperativa por meio de um “ato cooperado”, e a cooperativa será responsável pela venda. Isso garante que a produção, tanto da associação quanto de outros produtores da região, tenha um destino certo e um escoamento eficiente.

Um Futuro Promissor para a Região da Cantu

O projeto de aquicultura em Reserva do Iguaçu transcende as fronteiras municipais, com um caráter regional que visa alavancar a aquicultura em toda a Cantuquiriguaçu. “A gente acredita que vai ser uma alavanca para a aquicultura na nossa região da Cantu”, enfatiza Valmir Souza. A utilização sustentável dos recursos hídricos da região, aliada à organização e ao empreendedorismo dos aquicultores, promete transformar a economia local e regional.

Com um planejamento sólido, apoio financeiro e um mercado em expansão, a Associação de Aquicultores do Rio Iguaçu está pavimentando o caminho para um futuro próspero, no qual a tilápia de Reserva do Iguaçu não apenas alimentará o mercado nacional e internacional, mas também impulsionará o desenvolvimento socioeconômico de toda uma região.

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