Muitas das coisas que fazemos, com relativa frequência em nossa vida, acabam sendo feitas muitas vezes com pouco zelo e, assim o é, não tanto por má vontade de nossa parte ou por conta de qualquer coisa do gênero, mas sim, porque nós acabamos nos acostumando a tomar como referência apenas aquilo que é socialmente aceito como sendo “o ideal”.

Poderíamos colocar no centro das nossas reflexões inúmeras atividades realizadas por nós e, em todas elas, em cada uma delas, acabaríamos identificando algum grau de falta de zelo de nossa parte que se faz presente na execução de cada uma.

De todas as atividades que realizamos com relativa frequência, temos a oração que, muitas vezes, fazemos, como se diz, “de qualquer jeito”. Sim, nem sempre, mas, infelizmente, muitas vezes é bem desse jeito.

Tal situação, que se faz presente em nosso coração, em muito se deve à falta de humildade que impera em nosso peito, mesmo que não reconheçamos isso, mesmo que não admitamos que tal carência esteja bem ali.

É importante lembrarmos, sempre, que humildade não é modéstia e, também, não pode ser confundida com a mania brasileiríssima de fazer pose de coitadinho, de vítima ou de algo similar. Na verdade, o fato de permitirmos que tal confusão se instaure em nossa alma já é, em si, um claro sinal de uma desvairada e inconfessável soberba.

Quando nos colocamos em oração, e começamos a recitar o PATER NOSTER, penso que deveríamos procurar aproximar o tom de nossa voz interior do tom das palavras daquele ilustre anônimo, presente na Sagrada Escritura, que pediu ao Senhor para que Ele o ensinasse a rezar.

Reconhecer e admitir nossa real condição é um degrau indispensável para permitirmos que a Graça Divina limpe o nosso coração das ervas-daninha da vaidade e demais tranqueiras similares. Tal postura, como nos ensina o filósofo Louis Lavelle, diante de toda a criação e, obviamente, frente ao Criador, seria a mais perfeita expressão de devoção que, infelizmente, nos falta.

Quando reconhecemos nossa nulidade, quando nos prostramos de forma reverente diante da experiência inerente ao ato de orar, encontramos o nosso verdadeiro lugar, que não é tão majestoso, como muitas vezes presumimos, nem tão insignificante, como algumas vezes imaginamos.

Ao entrarmos no estado de oração, estamos permitindo que os umbrais de nosso ser sejam dilatados pela Luz do Espírito, para que ele possa dissipar as sombras do amor-próprio que nos impede de verdadeiramente amar a Deus e ao próximo, com simplicidade e discrição.

Juntamente com a atitude humilde, que nos purifica, vamos sendo conquistados por um novo olhar que vai mudando o nosso modo de questionar a vida e de vivê-la. Vamos nos tornando cônscios de que o conhecimento não pode brotar de uma postura arrogante perante a realidade, mas apenas pode aflorar quando compreendemos que conhecer é um ato de comunhão com a verdade, com Deus e com nossos semelhantes.

Quando dizemos “Pai Nosso”, estamos nos colocando diante de Deus e de toda a criação para aprendermos a ser filhos Daquele que é. E, deste ponto em diante, a criação toda volta os seus olhos para nós e, através dos olhos dela, passamos a nos ver por inteiro e a reconhecer a nossa real posição em relação ao Criador.

Aí começamos a entender o tamanho da verdade que essas duas palavras revelam, a cada um de nós, a nosso respeito.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

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