Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Já faz algum tempo, mas, permitam-me, contar essa história que ocorreu em nossa pacata comunidade. Foi mais ou menos assim:

Mais uma Santa Missa dominical. A comunidade reuniu-se para juntos rezar. Ao final da celebração o padre convidou uma moça doutra paróquia para dar um testemunho. Testemunho que, a grossos traços, apresento nessas linhas.

Ela estava, tempos atrás, internada em Cascavel, desenganada pela medicina, despedindo-se dessa vida. Ela tinha leucemia em estado avançado. Tanto estava que, segundo os médicos, se ela sobrevivesse até às cinco horas da tarde daquele dia, eles tentaria fazer o transplante de medula e, mesmo assim, sem lhe dar muita esperança.

Ela foi colocada no isolamento, tamanha a fragilidade de sua saúde. Sem força para levantar-se, sem poder alimentar-se devido ao inchaço de sua garganta, lá ficou ela, com o telefone celular ao lado, carregado, e com uma campainha nas mãos, para chamar a enfermeira, aguardando, literalmente, a morte chegar.

Já havia recebido, inclusive, a unção dos enfermos. Ela estava preparada para deixar esse vale de lágrimas.

No isolamento, por volta das três horas da tarde, uma senhora, com modesta vestimenta, adentrou o quarto. A moça disse à velhinha que ela não poderia estar ali. Afinal, era uma área de isolamento. A velhinha olhou bem em seus olhos e lhe disse: “moça, meu filho está com a boca cheia de sangue por você”. Dito isso a senhora pôs-se a chorar. Ela secou suas lágrimas com um lenço, e passou-o no rosto da moça.

A velhinha era Nossa Senhora e seu filho, referido por ela, Nosso Senhor.

Sem a enferma perceber, a senhora saiu. Então, sem saber como, a moça levantou-se de seu leito de morte. Tomou o celular e ligou para sua mãe que estava no saguão. Ao atender, a mãe imaginou que fosse o médico informando o falecimento de sua filha. Mas não! Era sua filha, vivaz, perguntando a respeito duma senhora que ninguém, a não ser a moça, havia visto.

A leucêmica chamou a enfermeira e pediu para ir ao banheiro. Passado um tempo o médico foi ao encontro dela. Adentrou o quarto, sentou-se, ficou um breve momento em silêncio e, com as mãos na cabeça, perguntou: “você sabia que seu câncer havia tomado 90% de seu corpo?” Ela disse que sim. Então, fez-lhe outra pergunta: “Você sabe a quantas ele anda agora?” Ela, com simplicidade, disse-lhe: “acho de que deve ter caído para uns 50%, pois estou me sentindo bem melhor agora. Estou até podendo levantar agora”.

O médico, estarrecido, diz-lhe: “minha filha, você não tem mais câncer. Os seus exames não apontam nada.” Ela estava curada. Estava na Paróquia Nossa Senhora de Belém, em Reserva do Iguaçu, para contar-nos a sua história e, ao ouvi-la, vozes engasgaram, soluços fizeram-se ouvir e muitos olhos desaguaram.

Pois é, mais um milagre entre muitos outros que todo santo dia rasga os mundanos véus do presente para nos apontar a Verdade que o mundo tanto insiste negar. Mais um sinal dos Céus para dobrar os nossos incrédulos corações. Mais uma chama de divina luz para aquecer a nossa amornada fé.

(*) Professor e bebedor de café.

e-mail: [email protected]

 

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