Humberto Silva Pinho

Por Humberto Pinho da Silva

       Tenho um amigo, que sofreu atrozmente na escola, tal qual como Santo Agostinho.

Indignado, refere-se amiudadamente à sua professora, que praticava castigos horripilantes – batia desalmadamente, por tudo e por nada. A cana nodosa, silvava pelas cabeças, até pelas orelhas, sem dó nem piedade.

Pelo mais leve erro, fervia a bolaria da palmatória, deixando as mãos como cepos e adormecidas de dor. Enfim, era sádica.

Dai o ódio ao professorado. Por mais que assevere que tudo esqueceu e perdoou, a cada passo, incompreensivelmente, a ira transborda enfurecida contra docentes, incluindo os do secundário.

Calmamente tento esclarecer que os mestres, agora, não usam esse método selvagem, nem são responsáveis pelo que se passou outrora; pelo contrário, são, até, muitas vezes, desfeiteados pelos alunos.

Mas, o ressentimento está tão entranhado, que nada valem os argumentos.

Bem lhe digo: que além das aulas, ainda executam serviços burocráticos, que lhes absorve tempo precioso; e não gozam, como pensa, as mesmas férias dos alunos.

Digo-lhe, igualmente, que os do Primeiro Ciclo, aturam, muitas vezes com paciência franciscana, incompreensões de pais e também da população, mal esclarecida.

Dar aulas, não é vomitar o compêndio. É preciso preparar a lição, pesquisar, para se estar seguro da matéria que se ensina.

Mas meu amigo Joaquim insiste, e ainda acrescenta – raiva, maldade ou ignorância? :  Que os professores ganham demais, para o que fazem, todavia aceita de bom grado, que os futebolistas recebam milhões, porque, segundo ele, são ” embaixadores” dos países.

Admiro-me, que como o Joaquim, o vulgo “regateie” honorários de: cientistas, profissionais de saúde, docentes, e políticos, e concorde com os ordenados chorudos dos jogadores da bola.

No início do século, li desabafo de leitora no “Estadão” (Estado de São Paulo), lamentando, que os jovens passem a adolescência a queimar as pestanas, e acabem como balconistas ou caixa de supermercados, sendo licenciados; e desportistas (alguns mal sabem escrever,) usufruem milhões, e sejam deificados pela mass-media e condecorados!…

É a sociedade que temos. Conhece e admira os futebolistas mais bem pagos, mas ignora o nome dos cientistas que descobriram o tratamento da SIDA, e a vacina da Covid-19.

Sociedade sem Deus, sem Moral, completamente desvairada.

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