Durante o tempo que fui redactor de jornal local, realizei numerosas entrevistas a figuras públicas: industriais, grandes proprietários, políticos, artistas…
Durante a conversa, perguntei, também, a alguns milionários, como conseguiram obter os avultados bens.
Grande parte, informaram-me: que na realidade, o mérito – se havia mérito nisso, – era devido aos avós, que começando do nada, com sacrifícios e privações, acumularam as enormes fortunas.
Mas, ao interroga-los como começou: a fábrica, a industria, a casa agrícola, e o nome dos avós, a maioria respondiam-me de olhos vagos:
– “É uma boa pergunta! Sabe? nunca tive o cuidado de saber. Vou tentar informar-me, para lhe dar os dados que precisa.”
Directora de importante instituição, a quem fui recolher elementos para a biografia do tio. Benemérito, que fez fortuna na América, e, como não tivesse descendentes, tudo deixou para criarem a fundação, olhou-me espantada, e apontando com o indicador direito, o solene retrato, ricamente emoldurado, pendente na parede do salão nobre, limitou-se a dizer:
-“Meu tio…”
Nada mais conhecia, que o retrato, mesmo sendo a responsável… Envergonhada, sorrindo, disse-me que ia investigar…
Outra senhora, sobrinha de ricaço, cujo pai herdara do irmão incomensurável fortuna, pouco conhecia desse tio, nem foto tinha. Se quis ilustrar o texto, tive que fotografar a lápide, que estava no cemitério!…
Certa ocasião entrevistei figura conhecida, para publicar curta biografia do pai.
Recebeu-me, amavelmente, no luxuoso gabinete, lamentando não poder ser-me útil, porque do pai, só conhecia o nome e pouco mais…
Argumentou, que em criança, o paizinho, contava curiosas peripécias ocorridas na infância, mas nunca prestara atenção. Não lhe interessavas saber velharias…
Admirava-me, de início, que não soubessem curiosidades dos ascendentes (pais e avós,) mas conclui estupefacto: estavam mais interessados nos bens que herdaram, que lhes permite, viverem folgadamente, que nos pais e avós…
Pura ingratidão!…
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