Por Humberto Pinho da Silva
A primeira vez que entrei num estabelecimento hospitalar, era adolescente, mal despontava a barba.
Minha mãe acabara de ser trepanada por causa de um meningioma. Operação, na época, considerada bastante perigosa e só realizada na Capital.
Meu pai ausentou-se para falar com o cirurgião – especialista de grande gabarito.
Subitamente entrou no quarto Senhora muito elegante, muito gentil, com braçado de rosas encarnadas.
Estranhei a visita inesperada, mas rapidamente se desfez o receio:
– Sou Graciette Branco!…
Já tinha ouvido falar da escritora, que ficou conhecida, como a Menina do Pim Pam Pum (suplemento juvenil de “O Século”.)
Visitei depois vários amigos enfermos, em hospitais, mas nunca fui interceptado para conhecerem quem era e o que andava a fazer nos corredores!…
Eu próprio, após ligeira operação, fui obrigado a permanecer acamado.
A cada passo era surpreendido por amigos, que por sua vez se admiravam de não terem sido identificados à entrada.
Certa ocasião dirigi-me a hospital particular. Na portaria informaram-me do número do quarto. Penetrei no edifício. Percorri desertos corredores; galguei escadarias; passei por portas semicerradas, e não consegui atinar com o quarto.
Por fim deparei com enfermeira, que gentilmente indicou-me onde ficava, e o caminho correcto.
Estranhei e estranho, que as portas hospitalares estejam escancaradas, acessíveis a qualquer um.
Por que será? – Não sei se ainda é assim, – que não se pede identificação à entrada, e não se telefona para o quarto a perguntar, se o doente quer receber a visita.
Será difícil e trabalhoso esse cuidado?
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