D. Francisco Manuel e Melo, alem de expendido escritor e sensato conselheiro, foi igualmente, excelente observador da sociedade do seu tempo.
Em quase todos os seus livros, encontram-se interessantes pastagens, mostrando, que examinava a sociedade com acuidade e espírito crítico.
Em “ Apólogos Dialogais” conta a “conversa” entre o Relógio da Cidade e o da Aldeia:
“ Relógio da cidade – Muita graça tinha aquele escolar que consultava, à candeia, que hora eram pelo relógio de Sol.
“Relógio de Aldeia – Que me dizeis?
“ Relógio da Cidade – Pois acrescentai-lhe que morreu ministro do maior tribunal do seu tempo.”
Outrora, como agora, muitos que são responsáveis pelo destino das nações, não são – como deviam, – os que mais sabem, mas os mais ardilosos.
O mesmo acontece nas empresas. Quantas vezes não se escolhem os gestores, pela experiência, mas pela amizade e cor politica?
Se o escolhido é competente, tudo bem se não, busca-se adjunto, que execute o serviço, ficando os louros para o titular.
Como a amizade e a política costuma ser determinante nessa escolha, salta-se de ideologia, como se muda de roupa, todos os dias.
Ontem, eram de direita ou da extrema-direita; agora, são do centrão; amanhã, de esquerda ou extrema-esquerda ou vice-versa.
O que lhes interessa é sempre manterem-se na crista da onda, e com elas, avançam e recuam, consoante as sondagens.
Por causa desse comportamento tartufo – felizmente ainda há homens com vergonha na cara, – é que deixei de acreditar nos homens, concordando com o que profetizou S. Paulo, para os últimos dias:” Haverá homens amantes de si mesmo, avarentos, altivos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, malvados, sem afeição, sem paz, caluniadores, de nenhuma temperança, desumanos, inimigos dos bons, traidores, protervos, orgulhosos e mais amigos dos deleites do que de Deus.” – II Tm3:1,2,3,.
Com muita razão dizia: LeãoBloy: “ Quando quero saber novidades, leio as Epistolas de S. Paulo.”
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