Os professores das 11 escolas municipais do município de Inácio Martins/Pr., paralisaram suas atividades na sexta-feira, 27 de maio. Afirmam que se não houver negociação com o prefeito Edemetrio Benato Junior, PSD, entrarão em greve a partir do dia 1º de junho.
Professores
O professor Éverson Lucas Coradin, falou em nome da categoria a jornalista Nara Coelho do Fatos do Iguaçu que, através de uma comissão vem buscando negociar com o executivo desde o ano passado tem encontrado dificuldade, “Iniciamos as conversas sobre o piso nacional e o reajuste desde 2021, em janeiro intensificamos as negociações, que tem sido difícil e nesse ano se agravou, o prefeito não aceita realizar o reajuste na carreira. Como no início do ano não se tinha a certeza do valor, o prefeito colocou a questão da estabilidade do valor, nós aguardamos, conversando”.
Assembleia de abril
Éverson contou que em abril, com a quase totalidade dos professores participando foi solicitado ao prefeito que o mesmo encaminhasse uma proposta. “Como na assembleia ficou deliberado fomos para uma nova reunião com o prefeito Júnior, mas ele não apresentou nenhuma proposta”.
Em maio a comissão se reuniu novamente com o prefeito que trouxe a proposta do piso nacional, “Nessa reunião o prefeito disse que garantiria o piso nacional, mas que não realizaria o reajuste de 33.24% referente às perdas que a categoria sofreu”.
O professor explicou que o prefeito Edemetrio Benato Junior, concedeu o reajuste de 10,06% que foi a inflação a todo o funcionalismo municipal, “Como não foram concedidos os reajustes anteriores, há uma defasagem de 25.31%”.
Piso Nacional
O piso nacional é o mínimo determinado por lei que um profissional pode receber. No caso dos professores, o piso nacional hoje é de R$ 1.922,50, por 20 horas semanais.
O salário inicial dos professores municipais estava em R$.1.534, 23, o prefeito o elevou ao piso nacional.
O achatamento dos salários
Os professores discutem com o executivo que ele elevou o salario inicial dos professores que ingressam hoje na carreira, mas não aplicou a proporcionalidade nos demais níveis da carreira, “Na lei municipal que ampara os professores ela determina o porcentual mínimo de diferença entre os níveis da carreira, como ele não deu o reajuste e nem aplicou a proporcionalidade ao conceder o piso nos níveis da carreira, vai acontecer o achatamento da carreira, professores em fim de carreira irão receber praticamente o mesmo valor que um professor PSS, isso é grave”, afirmou professor Éverson.
Compreendendo os fatos
O piso nacional por 20 horas semanais é de R$ 1.922,50, que foi concedido aos professores iniciantes na carreira dos professores da rede municipal de Inácio Martins. Essa passa a ser também o salário dos professores PSS, os que são contratados pelo Processo de Seleção Simplificada, que atuam na rede por contrato por tempo determinado.
Hoje um professor concursado no final da carreira com pós graduação no município de Inácio Martins recebe por 20 horas semanais, R$ 2.637,03.
Hoje a diferença salarial entre um professor que possui o curso de magistério, (ensino médio) e um professor pós-graduado, ou seja, com no mínimo 6 anos a mais de estudo e com uns 12 anos de casa, é de R$ 714,53.
A perda salarial será grande
Éverson explica que há tempo a categoria vem alertando ao executivo a necessidade de se preparar para aplicar o piso, “A perda salarial vai ser muito grande dos profissionais que já estão ai na carreira se dedicando há muito tempo. Temos outros servidores de outros setores com salários que chegam a R$ 23 mil, ultrapassando o salário do prefeito, hoje um servidor geral municipal com 6 anos chega ao salário de R$ 8 mil, um professor com 25 anos de carreira perto de se aposentar vai chegar a 6 mil reais”.
Greve 1º de junho
“Na assembleia que fizemos, todos os que estavam lá votaram que fosse feito a paralisação hoje e deliberado pela greve a partir do dia 1º de junho. Hoje na paralisação mais de 90% das turmas ficaram sem aula “ disse o professor Éverson
“Cumpri o que a lei determina”
A redação do Fatos do Iguaçu conversou via telefone com o prefeito Edemetrio Benato Junior, PSD que afirmou que ele cumpriu o que é exigido por lei “O piso está cumprido, inclusive o dinheiro já está na conta deles. O que a lei exige que o município faça, já está feito”.
“Preciso equilíbrio nas contas”
Sobre a aplicação da proporcionalidade nos níveis da carreira, o prefeito falou da necessidade de ter equilíbrio nas contas da prefeitura, “É preciso ter equilíbrio nas contas. Nunca fechei as portas para estar conversando. Estamos reestruturando a nossa educação fazendo com que turmas pequenas de 8 a 10 alunos sejam unidas para assim diminuir o número de turmas, terminando com as turmas multisseriadas, dentro desse parâmetro, realizar economia e valorizar a categoria. Não sou contra a valorização”.
“Jamais fechei a porta”
O prefeito afirmou que sempre esteve disposto a negociação, que sempre garantiu todos os direitos dos professores.
Ouça a íntegra do áudio do prefeito.
Leia na integra a Carta Aberta que os professores entregaram à comunidade.
CARTA ABERTA A COMUNIDADE DE INÁCIO MARTINS PARALISAÇÃO DO DIA 27 DE MAIO DE 2022 E GREVE A PARTIR DO DIA 01 DE JUNHO DE 2022
A APP SINDICATO, em nome das professoras e professores, da rede municipal de Inácio Martins, vem através
desta DENUNCIAR as famílias, responsáveis, alunos e comunidade em geral, sobre a DESTRUIÇÃO referente a um
direito adquirido historicamente:
PSPN – PISO SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL – Lei Federal nº 11.738/2008, sancionada em 16/07/2008.
Nesta está prevista o valor deve ser proporcional a jornada de trabalho. E no seu artigo 5º da Lei 11.738/2008, prevê a forma de atualização do PSPN que deverá ser calculada utilizando- se o mesmo percentual de crescimento do valor mínimo anual por aluno do Fundeb (Lei nº11.494/2007).
Para tanto, cabe ressaltar que a legislação já pensou a um longo período uma forma de VALORIZAR OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO, criando um piso mínimo e deixando para que cada município, que ESTABELECESSE A CARREIRA COM PERCENTUAIS ENTRE NÍVEIS E CLASSES.
Em Inácio Martins, o plano construído tem um dos MENORES PERCENTUAIS entre níveis do estado do Paraná.
Com isso, ressalta-se a necessidade do plano ser cumprido em sua totalidade. Pois, aquilo que é de DIREITO, não podemos deixar que seja destruído. Isso ocorrerá com o não pagamento do PSPN na carreira dos professores, a TABELA SALARIAL SERÁ ACHATADA, alguns níveis e classes receberão o mesmo valor independente de quantos anos de serviço, ou seja, um professor com 12 anos de trabalho receberá o mesmo do que aquele que acabou de
entrar, DESCONSIDERANDO TODA EXPERIÊNCIA E DEDICAÇÃO AO LONGO DOS ANOS.
O não pagamento do PSPN na carreira, acarretará uma DEFASAGEM DE 25,31% NO SALÁRIO DOS PROFESSORES, visto que grande maioria já possui anos de trabalho é graduado ou graduado e pós graduado, não garantindo o reajuste adequado a estes.
NOSSO MUNICÍPIO NÃO TEM TURMAS PEQUENAS e sim turmas adequadas a realidade do município, lembrando que Inácio Martins tem uma extensão territorial gigantesca, o que dificulta o acesso das crianças as
suas escolas, e essas (no caso do interior) em sua maioria acabam sendo escolas com turmas multisseriadas (alunos de séries diferentes na mesma sala e com mesmo professor).
Tudo isso para dizer que os professores de nosso município sempre presaram pela EDUCAÇÃO PÚBLICA DE
QUALIDADE, mas para tanto, é necessário que o executivo municipal (PREFEITO), GARANTA A VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS a partir de direitos adquiridos respeitando a lei municipal que garante a carreira em si, que garante os percentuais entre os níveis e as classes.
Ressalta-se, que desde o mês de janeiro, foi realizado reuniões de negociações. Entretanto, O PREFEITO NÃO
APRESENTOU até o presente momento PROPOSTA que garantisse o reajuste aos professores.
NENHUM DIREITO A MENOS! PELOS 25,31%