Cristina Silvestri defende medidas urgentes de combate à discriminação e a violência contra a mulher, que ainda faz milhares de vítimas no Paraná

A Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) divulgou nesta quarta-feira (23) uma nota de repúdio lamentando a morte da professora Franciely Tavares, assassinada em Pinhão, na região de Guarapuava, pelo ex-marido. A procuradora, deputada estadual Cristina Silvestri, afirma que essa é mais uma tragédia, um crime bárbaro, que poderia ter sido evitado e que não pode ser aceito pela sociedade.

“Até quando vamos continuar assistindo essa violência contra as mulheres?”, questiona a parlamentar. Cristina Silvestri afirma que são muitos os fatores que contribuem para a reprodução da violência contra as mulheres. Uma delas é a ausência de políticas públicas que assegurem equidade de direitos e articulem prevenção, promoção e punição.

Na nota, a procuradora da mulher destaca a “a urgência de medidas que contribuam para a desconstrução dos estereótipos machistas e a importância ao combate à discriminação da mulher na sociedade brasileira”. “Repudiamos todas as formas de violência e discriminação”, acrescentou a parlamentar.

AUMENTO DE CASOS

Segundo dados do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado setembro pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os casos de violência contra a mulher registraram, no Paraná, crescimento significativo no ano passado. O crescimento verificado em 2018, na comparação com 2017, foi de 14,1%. O Estado registra, em média, um caso de violência contra a mulher a cada 24 minutos. O cálculo inclui os casos de homicídios (dentro dos quais estão inclusos os feminicídios), de violência doméstica (lesão corporal dolosa), estupro e tentativa de estupro.

Por outro lado, de janeiro a junho deste ano, conforme o Governo do Paraná, foram registradas 26.228 ocorrências, contra 21.048 no primeiro semestre do ano passado. O aumento foi de 24,6% (ou 5.180 registros a mais). São ocorrências de diversas naturezas, desde agressão verbal até lesão corporal, contra ambos os sexos, sempre dentro do ambiente doméstico.

“Os dados indicam que buscar ajuda vem deixando de ser tabu, principalmente entre as mulheres, em função do empenho do Governo do Estado em orientar sobre a importância da denúncia”, reforça Cristina.

No Brasil, a cada quatro minutos, uma mulher é agredida. A cada oito horas, o crime de feminicídio fez uma vítima fatal entre 2017 e 2018. Os dados estão também no levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nos últimos dois anos, 2.357 mulheres foram assassinadas.

NOTA DE REPÚDIO

Confira a seguir a íntegra da Nota de Repúdio divulgada pela Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná:

“A Procuradoria Especial da Mulher da Alep manifesta repúdio acerca do feminicídio ocorrido no município de Pinhão, localizado na região de Guarapuava, e que teve como vítima a jovem professora Franciely Tavares, 33 anos. Ela foi morta a tiros na última terça-feira (22) por seu ex-marido, que confessou o crime à polícia.

Nossa indignação aumenta quando tomamos conhecimentos que a vítima tinha medida protetiva contra o ex-marido desde setembro deste ano.

Essa é mais uma tragédia que se soma a relatos diários de assassinatos de mulheres que foram esfaqueadas, queimadas, estupradas e jogadas em matas e rios. Além dos casos de assédio sexual e moral que as mulheres vivenciam diariamente, nos mais diversos espaços.

É uma triste realidade que comprova a urgência de medidas que contribuam para a desconstrução dos estereótipos machistas e a importância ao combate à discriminação da mulher na sociedade brasileira. Para por fim a violência doméstica e sexual que atinge, ainda, hoje milhares de mulheres em nossas cidades paranaenses, em todo o Brasil.

A Procuradoria da Mulher, órgão de defesa dos direitos femininos, vem trabalhando na fiscalização e estruturação da rede de proteção à mulher no estado e nos municípios. Está aberta, ainda, para receber denúncias de discriminação e violência contra a mulher, promovendo os encaminhamentos necessários em busca de soluções rápidas e eficazes.

Defendemos que o fim da cultura de violência contra as mulheres e a emancipação feminina são pressupostos para a construção de uma sociedade mais justa.

Não podemos compactuar com essas tragédias, razão pela qual vamos acompanhar os procedimentos de investigação deste caso, assim como estamos fazendo em relação a outras situações apresentadas a Procuradoria da Mulher da Alep.

Não temos palavras para expressar os nossos sentimentos aos familiares e amigos. Muito respeitosamente, prestamos as nossas condolências e deixamos os nossos mais sinceros pêsames. Reforçamos que não vamos nos calar enquanto as mulheres continuarem sendo vítimas da violência”.

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