Você já parou para pensar em quantas pessoas hoje são aprisionadas, por convenções sociais, religiosas, ideológicas, da moda?

Não falo de seguir regras sociais para o bem comum, praticar uma fé para seu crescimento pessoal, seguir uma ideologia escolhida livremente, ou gostar de estar “antenado” com as novidades. Mas falo das convenções, das grades que alguns adoram colocar junto com tudo isso, como se fossem “brindes” que você deve carregar nas costas por causa de suas escolhas.

Quantos filhos vivem infelizes, aterrorizados, aprisionados por causa de convenções sociais, que levam seus pais a, conscientemente ou não, impedirem o seu vôo livre para a felicidade? Jovens que muitas vezes são jogados na clandestinidade, na mentira, pelo medo criado em suas mentes, só porque vivendo nesse modelo previamente estabelecido, estarão dentro do padrão desejado. Filhos que são encarregados de realizar os sonhos dos pais, e não os seus.

Quantos maridos e quantas esposas vivem um casamento burocrático, robótico, socialmente perfeito, mas vazio do ponto de vista da paixão que deve haver entre quem se ama de verdade? Ou pior, quantos até vivem um vida secreta, dupla, por não serem capazes de atingir a real felicidade com quem está ao seu lado?

Preferem aparentar uma perfeição inexistente, em vem viver plenamente seus relacionamentos, libertando-se de convenções e costumes que nem sabem mais de onde adquiriram. Um relacionamento sem felicidade para os dois é seco, infrutífero, nulo.

Quantos profissionais infelizes, frustrados, trabalhando por simples e mera obrigação, mas sem realização alguma? Pessoas que passam a viver doentes, tomando remédios, ou até mesmo não rendendo todo o seu potencial, porque estão onde não queriam estar.

Mas estão realizando o sonho dos pais, ou seguindo um caminho que nem mesmo escolheram. Muitos destes sabem o que querem na verdade, são bons em outras coisas, possuem talentos e dons. Mas preferem calar-se frente ao mero ato de cumprir obrigações perante a sociedade, e então não ousam se libertar e buscar a realização profissional e pessoal que faria suas vidas de fato valer a pena.

Muitos seguem ideologias plantadas em suas cabeças pela mídia, pela moda, por terceiros. Usam roupas que nem mesmo gostam, nem são confortáveis. Endividam-se para ter esse ou aquele modelo de carro, um determinado celular, uma casa igual aquela da TV, ou parecida com a do vizinho.

Tudo para parecer membro de uma homogeneidade humana que é absurda. Quantos gostariam de sair para comprar pão com aquela calça velha de moletom, aquela camisetinha surrada e gostosa de usar, um chinelão bem usado, mas não podem.

Precisam se arrumar para não parecerem diferentes do velho modelo que sabe lá quem criou. Quantos queriam contrariar a idéia da moda, o discurso da “maioria”, mas calam-se, se omitem, e repetem aquilo em que sequer acreditam, com o sorriso amarelo, para assim serem aceitos no grupo.

Muitos freqüentam igrejas, buscando na fé uma orientação para suas vidas, e isso é ótimo, necessário até. Mas vários acabam se perdendo também, e ao invés de buscarem uma verdade que as libertem, acham uma série de costumes, regras humanas, interpretações bem convenientes das Escrituras.

Tudo isso as aprisionam ainda mais. Se sentem obrigadas a isso ou aquilo, e sua prática religiosa se torna um verdadeiro martírio, que não preenche seus espaços vazios com a esperança, o amor, a fraternidade. É apenas mais um fardo, que as direciona para caminhos muitas vezes distantes da verdade.

Quantos são levados a odiar os outros em nome de religiões, cujos fundadores sempre pregaram o amor e a aceitação incondicional? Quantos em nome de um Deus são levados a defender a morte, a tortura, a perseguição, o ódio a quem pensa diferente?

Gente que compra coisas de acordo com as propagandas da moda, e não pela necessidade real ou gosto pessoal. Gente que vai onde não queria estar e não onde de fato encontraria a felicidade.

Gente que fala e pensa pelo que lê em sites, revistas, redes sociais, e para não desagradar a maioria, deixa de lado suas convicções para seguir o rebanho que ai sendo tocado. Gente que faz escolhas políticas sem ter percebido que são contrárias ao que tem dentro de si, apenas para seguir a moda, as pesquisas, o que todo mundo vai fazer, para parecer mais um nessa multidão.

Precisamos perceber uma verdade repetida há séculos: a vida é uma só. Você sendo feliz ou infeliz, você sendo autêntico e positivo, ou sendo apenas uma “Maria vai com as outras” infeliz e burocrático, o preço é o mesmo, e o fim será o mesmo. Você pode lutar por seus sonhos, buscar sua realização e a dos que ama, ou ser só mais um que age apenas para manter a velha aparência do modelo ditado pelos outros. A vida é só essa querido(a)! 

Não seja só mais um, não jogue sua vida fora, não atormente-se ou a quem está perto de você, por pura conveniência.

José Carlos Correia Filho – professor de História.

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