Descobrimos o quão miserável é nossa capacidade de compreensão ao perscrutarmos o quão profunda, ou rasa, é nossa imaginação.

Se esta for estreita e rasa é porque nosso poder de entendimento, de fato, não tem muito tutano, sendo limitado pela nossa falta de imaginação, de capacidade de vislumbrar as possibilidades latentes que estão diante de nossos olhos.

Por essa razão, quando vejo pessoas vangloriando-se de sua suposta maturidade, dizendo aos quatro ventos que elas são “pragmáticas” e que apenas se interessam por aquilo que está diante de suas ventas, não tenho dúvida alguma de que estou diante de um “inocente útil”. Quer dizer, não tão inocente assim, mas, mesmo assim, muitíssimo útil.

Nesse sentido, penso que seja de fundamental importância nunca esquecermos que a arena política é um ambiente onde o poder é exercido por indivíduos e grupos e que estes, para jogar o jogo das cadeiras vacantes, dependem, entre outras coisas, da apresentação persuasiva de cenários possíveis que, ao seu modo, tornam-se o centro das contendas.

Não preciso nem dizer, mas, mesmo assim o direi: quem desenha o cenário e monta-o, acaba dirigindo a encenação (depre)cívica ou, pelo menos, acaba tendo uma posição extremamente vantajosa frente aos demais contendores.

E isso assim o é por uma razão muito simples: as multidões apenas se movem quando se apresentada uma imagem com a qual elas se identificam.

Se não há uma imagem que unifique os indivíduos atomizados, devorados pelas multidões, com o vagar do tempo as pessoas se dispersam, ou acabam se reunindo em torno de outra imagem que poderá lhes ser apresentada por outro grupo, ou indivíduo, e que, com a qual, elas possam se identificar e serem guiadas, ou manipuladas.

Tendo isso em vista, lembremos que Albert Camus, a muito dizia, que as pessoas lutam e guerreiam em nome de símbolos e bandeiras e que jamais fariam isso apenas em favor de dados, números e verdades universais.

Elas até podem advogar em favor de verdades, números e dados, desde que estes sejam transubstanciados na forma duma imagem tangível.

Mentiras grotescas, também, com grande frequência são apresentadas na forma de imagens. Imagens essas que, por sua deixa, são intensamente persuasivas e apresentadas às almas desarmadas que as engolem a seco como se fosse à expressão rediviva da mais cristalina verdade.

É meu caro, o jogo é bruto e sujo. Por isso jogá-lo com uma imaginação rasa é, no mínimo, uma tremenda imprudência.

Imaginação é a essência do jogo do poder. Essência esta que as alminhas pragmáticas e similares tão tolamente desdenham, fazendo pose, com aquele ar de afetação, típico dos sujeitos que não são tão inocentes assim e que sempre acabam sendo extremamente úteis nas mãos daqueles que sabem muito bem como manobrar o imaginário coletivo.

Fim.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela 11 de junho de 2019.

Blog do Darta: http://zanela.blogspot.com/

 

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