Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Existe um troço que tomou conta da educação brasileira que se o compadre parar pra ver com os dois olhos irá nos deixar corado de vergonha. Olha, é um trem fuçado tão feio que chega assustar o fato de que muitos educadores fiem seu descompasso pedagogesco por essa vereda. O tal troço é o que o filósofo Luiz Felipe Pondé chama de marketing comportamental, uma passagem só de ida para naufragar a alma naquilo que o filósofo Olavo de Carvalho identificou como o imbecil coletivo.

Mas tratemos apenas do primeiro. O que seria o tal do marketing comportamental? Seria o uso de um símbolo esvaziado de significado, representado em certas atitudes, no uso de determinados termos que, no entender do postulante destas, o tornariam uma pessoa mais justa, com uma espécie caricata de dignidade postiça. Resumindo: reconhecem-se os portadores dessa enfermidade pelo seu zelo desregrado dos usos politicamente-corretos da linguagem e pela direção rubra que dá as suas intenções, sutilmente dissimuladas com as mesmas palavras vazias.

Quem já não viu aqueles tipos pitorescos que em seus libelos, ou em suas preleções, primam o tempo todo pelo uso politicamente-corretíssimo, do gênero masculino e feminino. E, é claro, que eles(as) gostam mesmo é de explicar por que eles(as) fazem isso para mostrar o quanto que eles(as) são homens/mulheres bons/boas. Isso, meus caros, é marketing comportamental. O uso de palavras esvaziadas de significado humano para serem utilizadas por pessoas de humanidade desfigurada e, por mais que eles insistam isso não é educar.

Neste contexto as palavras não mais são instrumentos que auxiliam na compreensão da realidade. Tornam-se apenas um meio de manipulação. Se não, pare pra pensar só um pouquinho na atenção cavalar que se dá a temas que supostamente são de interesse publico. Em regra, o que encontramos é justamente uma sínica inculcação de um vocabulário, juntamente com um mostruário de atitudes, que deverão ser assimilados ao mesmo tempo em que se aprende a rotular as pessoas disso ou daquilo simplesmente porque elas não se enquadram nesse ou naquele estereótipo.

No frigir dos ovos, sob a desculpa de acabar com certos estereótipos e emancipar a humanidade, os indivíduos que postulam essas práticas estão, definitivamente, escravizando as almas que lhes são confiadas a ficarem agrilhoadas em seu tacanho universo umbilical, justificados pelos dengos ideológicos que passam a embasar (ou embaçar) o seu desdém pelo conhecimento, tão grande quanto o seu amor pelas suas opiniões e poses afetadas de bom-mocismo.

(*) Professor e bebedor de café.

e-mail: [email protected]

Compartilhe

Veja mais