Por Humberto Pinho da Silva
Os que se dedicam às letras, normalmente principiantes, mosqueiam a prosa de palavras “difíceis”, rebuscadas no dicionário, e frases enigmáticas, para impressionarem o leitor.
” Turvam a água, para parecer profunda”, como disse Niietzsche.
Porém os mestres, ensinam que se deve escrever, como se fala, desde que se fale bem.
Na ” Enfermaria do Idioma”, João de Araújo Correia, assevera: ” A maior parte dos portugueses, principalmente os portugueses que escrevem, não amam a simplicidade. Todos os dias inventam palavrões, redundâncias de frases, verbos especiais para definir complicadamente coisa, que são a própria singeleza.”
Karl R. Popper, aconselha que se deve expor com simplicidade: ” Quem não for capaz de se exprimir de forma clara e simples, deve permanecer calado, e continuar a trabalhar, até conseguir a clareza de expressão.” – ” Contra as Palavras Grandiloquentes” – ” Em Busca de um Mundo Melhor”.
Ao ler tais pareceres lembrei-me de quase tudo que é didático e cultural, que se publica no nosso país, e na maioria das vezes, só é entendido por especialistas, visto serem apresentados de modo que o simples mortal, dificilmente consegue digerir.
O mesmo hermetismo se revela, muitas vezes, em lições proferidas por professores e conferencistas, ansiosos de deslumbrarem o auditório.
Acontece o mesmo, infelizmente, em homilias de sacerdotes, recheadas de citações latinas, com o fim de demonstrarem erudição, e deslumbrarem os ouvintes, deixando os fiéis em jejum.
Em vez de tornarem a cultura acessível., embrulham-na em opaca couraça.
Será assim? Ou estou enganado?
Nas ” Confissões” -lº-12, Santo Agostinho, escreveu: ” A pobreza da inteligência humana, manifesta-se na abundância de palavras.”
É como dizia Nietzcge: ” Turvam a água, para parecer mais profunda”.
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