Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
Se um adulto não procura cumprir com o seu papel quando está diante dum daqueles conflitos que muitas vezes ocorre entre crianças e adolescentes, inevitavelmente, com o tempo, a pressão advinda dessas pendengas mal resolvidas inevitavelmente acabará estourando numa manifestação brutal de violência da parte daquele que se sente desprotegido e desprezado, ou da parte de alguém que, como direi, se cansou de ter que testemunhar tamanha injustiça e, por isso, resolveu tomar as dores da vítima. E quando isso ocorre, não tem lesco-lesco não. O bicho é feio mesmo.
Agora, quando estamos diante do mundo dos adultos e vemos, dia após dia, uma séria de atitudes lenientes sendo tomadas por aqueles que deveriam garantir um mínimo de atenção às vítimas da criminalidade crescente e reinante, bem, cedo ou tarde não será de causar espanto se tivermos espancamentos públicos de bandidos pelas ruas, ou coisas similares, sendo realizado por pessoas que se cansaram da retórica Estatal e bem como do cinismo daqueles que pintam o criminoso como uma vítima inerme da sociedade.
E te digo outra: toda essa cultura da impunidade justificada e embasada nessa mentalidade deformada pelo marxismo cultura que circula na mente de muitíssimos doutos no assunto será a maior responsável por essas tragédias quando elas começarem a ocorrer sistematicamente por todo o país. Opa! Já começaram a acontecer. Ora, ora, todos aqueles que ficavam e ficam com aquela fala fofa de desencarceramento, dizendo que devemos encontrar punições alternativas e blábláblá, gostem ou não da ideia, tem e terão sangue em suas mãos por serem corresponsáveis por esse clima angustiante que foi lentamente gestado pela cultura de impunidade que se sedimentou em nosso triste país através de sua distorcida visão de mundo. Apenas a título de amostragem, permitam-me um exemplo do efeito corrosivo dessas ideias lindas e boazinhas.
Certa feita, um amigo disse-me que um dos seus clientes havia lhe dito, com grande tranquilidade, algo mais ou menos assim: “fique tranquilo “dotô”, é só uns dias e eu logo saio”. Isso mesmo. Nada de arrependimento, nem remorso, nem desejo de mudar de vida. Apenas a certeza de que, no frigir dos ovos, não dará nada e, se der, será pouco. Noutras palavras: esse é um dos muitos frutos psicossociais pútridos da cultura da impunidade. É a certeza de que a punição não é séria, de que o sistema é de papelão. Doutra parte temos as vítimas; silentes, angustiadas, com uma raiva e um sentimento de frustração e impotência que vão, lentamente, corroendo suas entranhas e, cedo ou tarde, todo esse caldeirão poderá estourar numa manifestação de fúria incontrolada e aí, senhor bom-mocinho, não adiantará dizer mamãe, a barriga me dói, porque já será tarde de mais.
Bem, diante disso, a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que os bons moços poderiam dizer, quando isso vier a acontecer? Poderiam, ao menos, dizer um mea culpa que, por sua deixa, abriria as portar ao início de uma séria revisão dos pressupostos de norteia sua visão de mundo. Isso seria, realmente, show de bolice! Seria, porém, tais pessoas teriam que ter um amor pela verdade que fosse ao menos um pouquinho maior que sua vaidosa paixão por suas ideias furadas sob as quais construíram suas carreiras e isso, meu caro Watson, é meio difícil de acontecer.
(*) Professor, cronista e bebedor de café.