Professora Neusa Maria Amaral de Camargo Almeida, a Neusinha | Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu
A emoção dos escritores deu um brilho especial à noite
Por Nara Coelho
A Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Pinhão,que tem o projeto “Eu Leio” e entre as propostas do projeto está dar visibilidade aos escritores locais, iniciou em abril um trabalho de descoberta dos escritores no município e promoveu uns encontros desses escritores para troca de ideias, sobre o ato de escrever e as dificuldades de publicar.
Tendo à frente desse trabalho a professora Neusa Maria Amaral de Camargo Almeida, a Neusinha, autora de música e coautora dos livros escritos pelo seu avô José Silvério Camargo sobre o Pinhão, contou que já no primeiro encontro eles se assustaram com o número de escritores que apareceram e desse encontro já saiu a ideia da realização do Sarau com Escritores.
Porém, para tudo acontecer de forma tão rica,a equipe toda da secretaria de Educação abraçou a causa.“Quando a gente olha para um grupo de pessoas que, de alguma forma se dispõem a colocar no papel aquilo que sente, que vê o seu jeito de entender o mundo, a gente precisa valorizar esse grupo, essas pessoas são com certeza para nós pessoas muito queridas e de muita valia porque vocês olham a sociedade com um olhar diferente, esse espaço é de vocês, mas o prazer de estar aqui e ouvi-los com certeza será nosso”, expressou a secretária de Educação Maria Aparecida Chalegre na abertura do Sarau dos escritores.
SARAU COM OS ESCRITORES
Sábado, 27 de abril, à noite, o céu escureceu, as estrelas sumiram, o vento veio forte e uma grande chuva veio do céu e lavou a cidade de Pinhão, porém quem enfrentou o temporal e foi até o CTG – Centro de Tradições Gaúchas Pala Gauderio, ao entrar já se encantou com um espaço caprichosamente e delicadamente arrumado. Nas mesas decoradas com livros a dizer que é a leitura que humaniza o homem, uma vela em cada mesa a indicar a luz da inspiração e criatividade davam ao ambiente um encanto especial.
O convidado especial foi o escritor de literatura infanto juvenil,Norbert Heinz, que veio falar aos escritores locais sobre as questões que envolvem a publicação de um livro, mas como ele mesmo afirmou, “Ufa, que noite de muita emoção e aprendizagem, aqui vocês viram que na escrita há lugares para todos e vocês vão descobrir que ainda cabe muito mais gente e estilos, não deixe essa semente morrer”.
OS ESCRITORES
O céu estava escuro e sem estrelas, mas dentro do CTG muitas estrelas brilhavam, no Sarau dos Escritores Pinhãoenses o que menos importava era se a pessoa era secretário do município ou gari, se tinha muito ou pouquíssimo estudo, se nasceu pinhãoense ou escolheu esse torrão de terra como sua, o que realmente contava era o dom de escrever, ou melhor de expressar suas emoções.
Quando cada um subia ao palco e sentava na poltrona do escritor, um cantinho muito lindo que colocava em destaque a cultura, a criatividade, a diversidade e a inspiração, o CTG se iluminava ainda mais e a emoção tomava conta do escritor e mais ainda da plateia.
NA POLTRONA DO ESCRITOR
Na poltrona do escritor o refletor iluminou primeiro a pequena poetisa Anne Marrar e Doim Silvério, que já deu o tom do Sarau, pois com seu poema de amor que saiu daquele coração tão jovem, deixou a plateia com cara de surpresa e pura emoção. Na linha da poesia as poetisas marcaram espaço e de forma primorosa estava lá Eloina Rios Iwasenko, que declamou com primor sua poesia aos encantos do Pinhão.
A professora Elvandir Vier Cordeiro, que se tornou poetisa para ajudar o processo de alfabetização dos seus alunos, com a carência de livros da época, não se intimidou,soltou a mão e a alma e aos poucos as rimas vieram chegando. Ilda Araújo Morais, que subiu tímida ao palco, mas mostrou que sua poesia tem mais que ritmo, tem emoção, ela conta que “As palavras martelam na cabeça pedindo para ir pro papel, enquanto não vão não dão sossego”.
A jovem Marcela Mendes Oliveira contou que escreve muito, mas que está tudo escondido, que era a primeira vez que mostrava seus escritos e os aplausos a ela foram muitos. Os poetas,ah, esses leitores de alma, Jonas Ferreira Bahia, o Papagaio, emocionou, comoveu a plateia, pois ele declamou com tal maestria sua poesia, que tinha profundidade e contava da vida do poeta que não houve coração na plateia que não transbordasse de emoção.
A Neusinha, ao falar de sua experiência de coautora e dos livros do seu avô José Camargo, deu uma aula sobre o Pinhão e a paixão pelo escrever e registrar a historia de um povo. Carlos de Jesus Lima trouxe as crônicas e o pensar social, Edmilson Siqueira Caldas, o Dentinho, que já tem livro publicado, começa a ir para a poesia. Fabricio Ramires Barbosa veio com o texto técnico, mas que aborda o viver dos pequenos, dos que muitas vezes são invisíveis na sociedade, Valter Israel da Silva sobre a vida do camponês em forma de poesia. Jair Afonso Oliveira, com toda sua singeleza falou da emoção de ser livre, que escrever é tudo, é ar, é alimento, é voar.
O advogado Francisco Carlos Caldas falou de suas crônicas, que já somam 519 publicadas, e que poema só escreveu dois, e declamou um verso de um deles que fala do amor ao Pinhão e lembrou o saudoso Zoraldo de Deus Rocha. Jocelino Vitorino Alves emocionou com a música e com uma linda e crítica história infantil. Quantas horas durou o Sarau não se sabe, porque no reino das emoções o tempo para.
Quem quiser ver e sentir um pouco do que foi o primeiro Sarau dos Escritores de Pinhão, é só ir na fan page do Fatos do Iguaçu.