Por Dominique Acirema S. de Oliveira

Seguindo a mesma toada da “igualdade francesa”, vale dispor de alguns outros sentimentos periféricos de toda nossa experiência humana e com isso quero dizer, em tom sarcástico, nossa arrogância na redução sistemática de TUDO em tudo material captado pelos nossos toscos sentidos.

Diria Raul: “Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha porque eu sou um rapaz latino-americano que também sabe se lamentar.” E quem não sabe se lamentar? Agora, a reação dissonante daquele indivíduo que aloca sua aversão asquerosa, digamos a comer proteína animal, a si apenas e não alvorota outros iguais em sua igualdade para uma revolução vegana é um em um milhão. Um verdadeiro herói…

A moda já a algum tempo é reunir uma minoria tirar dela alguma “igualdade” colocar como necessidade “fraternal” social de iniciativa pública rotular com algum tipo de discriminação frasear: “precisamos falar sobre isso…”, pronto, tá feito mais um nicho eleitoreiro barato.

O relativismo sempre me apavora, ele é solúvel, maleável, fluído, adaptável… posso considerar igualdade o que for necessário ao caso ou a meu benefício.

A política é permeada, recheada e saturada de relativismos. Sistemas são misturados para justificarem o “bem comum” ou “o interesse público” … que público? Que interesse? É relativo… 😒

Se a política pode ser relativa imagina a moral. Relativismo, política e revolução, temas esses que parecem se conectarem e se afastarem no percurso da história, assemelham-se as fitas do DNA social, paralelas e siamesas ao mesmo tempo.

Certa feita Burke disse: “O abismo do inferno parece escancarar-se diante de mim (…)”, ele se referia à revolução moral e política que estava sendo perpetrada pelos vitoriosos jacobinos nos idos 1789 na França.

Quero dizer, nosso gosto por sangue e guerra foi sistematizado em revoluções e desenvolvido em trincheiras. A revolução francesa abriu o caminho para toda reivindicação ganhar tom, forma e cheiro frutado de justiça social.

Na dúvida rompo o contrato social e refaço a barbárie para buscar um resultante diferente daquele que me encontro hoje. Porém, sem abrir mão daquilo que relativamente me satisfaz, mais uma vez Burke: “Estamos apenas a poucos passos das trevas, um empurrão fará com ingressemos nelas.”

Perdemos nosso centro de gravidade moral, uma equação da qual já de antemão sabemos o resultado. Um sábio e antigo rei disse certa feita: “O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol”.

Percebo isso com o âmago humano: a ânsia (e ânsia aqui é bem no sentido sartriano). Do pecado da gula a sociedade se enche de si mesmo, atarraxa os olhos e satisfeita de si mesmo continua a antropofagia até o momento que alucina em reflexo mórbido e pesado de si: vomita pessoas desnorteadas que agora perdidas trambalham e tropeçam nos próprios calcanhares buscando outra minoria social para servirem mais uma vez de banquete, se completam na satisfação extrema da festa da carnalidade.

Qual ato revolucionário seria mais impactante: resistir aos “poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” ou “o rei deve morrer para que o país possa viver.”?

De Paulo de Tarso a Robespierre da França a luta é sempre uma: a interna do homem, aquela que empunha a caneta ou a espada, estender a mão a história construída ou com a escavadeira revolucionária demolir todas as construções dos vivos e dos mortos.

Me parece ser óbvio a reforma do que se faz necessário e a conservação dos pilares morais e sociais que possibilitaram nossa mínima consciência do Ser e do Ente.

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