Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

É curioso, pra dizer o mínimo, que uma nação como a nossa, que se ufana de ser a maior nação católica do mundo, não tenha presente em suas letras uma longa, profícua e pujante tradição literária dessa linhagem.

Sim, já fora apontado certa feita, sobre o catolicismo à brasileira, que aqui ufana-se muito do tamanho das fileiras de fiéis, porém, sem querer ofender-nos, foi perguntado a nós, brasileiros: se somos tão grandes na fé, onde estão os nossos santos? Onde? Pois é. São poucos. Tão minguados quanto a solidez de nossa catolicidade.

E não sou eu que o digo. São os fatos. Fatos esses que foram certa feita constatados e apontados pelo Papa São João Paulo II que, em uma de suas visitas a Terra de Vera Cruz, disse que nós, brasileiros, somos, sim, católicos no sentimento, mas não na fé.

Duro isso não? É uma senhora pulga plantada atrás de nossa orelha pelo sucessor da cátedra de São Pedro.

Enfim, podemos dizer que do mesmo modo que nosso nacionalismo não passa dum orgulho telúrico bocó que se ufana da grandeza e formosura de sua natureza – por não sermos um povo de grandes feitos para ufanarmo-nos de nós mesmos – na fé, acabamos nos vangloriando da quantidade numérica de fiéis que, dia após dia, vem encolhendo entre nós, diga-se de passagem.

E, mesmo diante desse outro fato aterrador, continuamos a ignorar que essa numerosa floresta não deu grandes frutos. E, ao que parece, continua a ser improfícua.

(*) professor, cronista e bebedor de café.

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