Bruno Zampier

Por Bruno Zampier

OBRIGADO OLAVO!

          

São Josemaria Escrivá, o santo que ensinava a fazer do trabalho uma oração, exortava: “Que a tua vida não seja uma vida estéril. — Sê útil. — Deixa rasto.” Mas nos caminhos do mundo, não são apenas os cristãos que deixam marcas pelo chão. Especialmente no Brasil, aquelas poucas pessoas que laboram no estudo sistemático de disciplinas como teologia, filosofia e história, geralmente o fazem sob influência de algum professor marxista. Eu fui um desses. Comecei a seguir o rasto dos esquerdistas lá pelos 20 anos de idade.

O problema é que, sendo jovem e enchendo-se de argumentos de esquerda contra o capitalismo, a Igreja e até a família, dificilmente alguém conseguirá resgatá-lo da loucura. Você lê um livro de Rousseau, outro de Voltaire, outro de Marx e pronto: nenhum cristão sabe responder suas objeções.

Como se não fosse suficiente, encontrei no rock minha fonte de diversões e, não raro, observava que aquela cultura alternativa de alguma forma tinha similaridades com a mentalidade de esquerda, a qual, imaginava eu, era a expressão política do amor ao próximo. A catequese e o colégio católico onde estudei nunca me despertaram verdadeiro interesse pela Igreja Católica. Pelo contrário: as músicas infantis nas Missas, os conselhos morais rasos e banais, a História da Igreja e Idade Média contada nas apostilas do ensino médio, tudo foi um verdadeiro antídoto contra a Igreja. Lembro de um trabalho escolar que consistia em resumir o livro de Umberto Eco “O Nome da Rosa”, uma verdadeira doutrinação anti-católica em pleno colégio católico. Então Encontrei a espiritualidade em livros gnósticos e esotéricos que falavam de Deus, de Jesus e da oração, mas rejeitavam a Igreja do mesmo modo como faziam os comunistas e os roqueiros famosos. Eu havia encontrado um sentido nas coisas. Todas as pessoas admiráveis eram assim.

Quando você leu algumas dezenas de livros e já se julga mais culto do que todas as pessoas ao seu redor, somente um milagre para mudar de rumo. Ninguém jamais ouviu falar nos livros importantes que você leu. Você criou em torno de si uma muralha de argumentos e teorias que não podem ser transpostas pelo brasileiro comum, fútil e inculto ao extremo, infelizmente. Para que você mude de rumo, só um milagre para te derrubar do cavalo. Um milagre ou um tanque de guerra disfarçado de homem.

Um homem bem mais culto que você, que humilhe sua arrogância, que esfregue na sua cara a verdade pútrida do comunismo, que te surpreenda com as belezas e maravilhas da Santa Igreja que você nunca tinha ouvido falar, que domine e cite gênios da literatura universal, fazendo links surpreendentes com a filosofia, a história e a religião de um jeito que você nunca viu, que mostre que você na verdade não passa de um lixo prepotente e ignorante, e que diga tudo isso com o fervor de uma personalidade explosiva, em que cada palavra adquire a potência de um murro na fuça. Que mostre que teus ídolos não passam de moleques imaturos, drogados exasperados à beira da histeria. Que não faça a menor questão de parecer bonzinho, bem sucedido ou polido, porque no fundo, não precisa de você, do seu dinheiro ou da sua aprovação.

Foi assim que Olavo de Carvalho me pareceu, quando comecei a ouvi-lo em 2010. Em um dos vídeos que mais me impactaram na época, e do qual lembro bem até hoje, um rapaz lhe questionou: “Professor, a infinita misericórdia divina não é incompatível com a condenação eterna no fogo do inferno?” A resposta de Olavo durou cinco minutos. Quando terminou, pensei: “se o que este velho maluco está falando for verdade, terei que rever minha vida”.

Assisti o vídeo várias vezes e fui investigar se tinha algum fundamento. Logo me inscrevi no Curso Online de Filosofia e comecei a ler tudo o que ele indicava (Eric Voegelin, Scruton, Victor Frankl, René Girard, São Tomás de Aquino, G.K. Chesterton, Dostoiévski, Dante, Aristóteles, Platão…). Era como se o martelo de Thor investisse contra minhas muralhas. O que sobrou era pó, e o pó foi levado pelo vento. Então abandonei a mentalidade esquerdista, vendi a guitarra e joguei muitos discos no lixo.

Mudei minhas companhias; compreendi o valor da literatura, voltei à Igreja, passei a viver os sacramentos. Depois, em um curso que tratava de um tema relacionado às aulas de Olavo, Deus me deu a maior das bençãos: conheci aquela que seria minha esposa. Está em Provérbios 18:22: “Quem encontra uma esposa, encontra algo excelente; recebeu uma bênção do Senhor.” Ela ainda era protestante, mas já tinha um pé na Igreja Católica: ela também era aluna do Olavo. Com a graça divina aprendi a viver a castidade, ela se converteu à Igreja Católica e casamos no Rito Tradicional. Hoje temos um filho e, se esta for a vontade de Nosso Senhor, teremos mais.

Há quem se pergunte por que Deus não  enviou um milagre ou um santo para converter as ovelhas desgarradas. Creio que não merecíamos a companhia de um santo. Ou talvez eles já estejam por aí, mas são ignorados. Então Deus nos enviou um tanque de guerra para esmagar nossa arrogância. Falando palavrões a rodo, a princípio incompatíveis com o comportamento de um bom católico, debochando e rindo de seus adversários, fumando compulsivamente, ele acabou falando a língua daqueles que estavam bem longe de Deus e das boas maneiras dos padres. E ali introduziu, entre palavrões e piadas, inesquecíveis lições sobre a filosofia, a fé e a vida.  Olavo deixou rastos: nunca mais seremos os mesmos!

CLIQUE AQUI  PARA LER OUTROS ARTIGOS

Compartilhe

Veja mais