Rev. Sandro

Estamos vivendo um momento que ficará marcado na história da humanidade. No início, um vírus que estava muito distante de nós, de repente, estamos em quarentena.

Num primeiro momento, é mais fácil ficar de quarentena, pois no início, não mexe tanto com a zona de conforto de muitas pessoas (zona de conforto é viver para si mesmo, sem mudanças, sem fazer algo que provoque mudanças). Nestes primeiros dias de quarentena, já ouvimos tantas vozes, tantas opiniões, mas em meio a tantas vozes, existem aquelas que não conseguimos ouvir.

Não conseguimos ouvir as vozes de muitas famílias que não tem um facebook, na verdade, alguns não tem um chuveiro para se lavar. Não ouvimos as vozes daqueles que concordam com a quarentena, mas que agora, depois de alguns dias, estão pensando em como vão pagar as contas, como vão repor a dispensa.

A grande maioria não está preocupada se vão ter dinheiro para pagar a internet, e sim se vão ter alguma coisa na mesa, daqui uns dias, se terão o emprego. Por um lado, o Congresso Nacional está preocupado com o Corona Vírus, mas por outro lado, o medo deles, é bem diferente do medo do fulaninho que mora em uma casa de um cômodo só, é diferente do medo do profissional autônomo e dos pequenos empresários, que não saberão o que fazer nos próximos dias.

Os deputados, senadores, STJ e outros mais, tem acesso aos melhores médicos, não enfrentam fila para consulta, a quarentena não é num casebre de 6 por 6 e sim nas suas mega-mansões. A preocupação de muitos deles não é se vai ter arroz amanhã no prato, e sim como vão desfrutar dos melhores restaurantes, se estão fechados.

Certamente é muito mais fácil encarar o vírus, quando isso não mexe com a zona de conforto. Vimos pela mídia os panelaços, como forma de protesto a favor e contra o governo, mas não ouvimos os panelaços daqueles que não tem quase nada para colocar na panela. Já passou da hora de os deputados estaduais e federais, abrirem mão de benefícios que nenhum outro trabalhador desfruta.

Já passou da hora de ficar fazendo guerras partidárias ridículas que não ajudam em nada a situação atual (na verdade, cadê os deputados para ajudarem neste momento?). Precisamos refletir a realidade de fato, talvez essa situação ainda não mexeu na sua zona de conforto, mas precisa mexer. Precisamos sim cuidar primeiramente da nossa família, mas não podemos nos esquecer daqueles que já começam a sofrer de fato as consequências dessa quarentena.

Ao invés de passar a maior parte do dia assistindo várias séries, tire um tempo para enviar um zap, para seus familiares, vizinhos, funcionários, patrões, viúvas e outros. Compre dos autônomos, empresários da própria cidade (empresários, cuidado com o preço). Ajude entidades, ajude famílias que estão clamando por um pacote de arroz, material de higiene e outros. É triste não se colocar no lugar do outro.

Dias melhores virão e isso começa com cada um de nós, pensando além de nós mesmos. Dias melhores virão se juntos clamarmos a direção e ajuda do Eterno, não orar simplesmente pela nossa casa, pela nossa família, mas pela família do próximo. Cuidado a zona de conforto é um vírus muito perigoso, pois te leva a pensar somente em você. Que Deus nos ajude a olhar fora do aquário, há muita vida fora do aquário. “Um barco fica muito seguro no porto, mas ele não foi feito para ficar ali”.

Rev Sandro – pastor da Igreja Presbiteriana de Pinhão 

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