Dominique Acirema S. de Oliveira

Por Dominique Acirema S. de Oliveira 

Há acordos e desacordos a respeito da objetividade da moral ser inata ou não; ainda, é moral transferir ao Estado a tutela da “moral”? Não é nem possível realizar uma mínima avaliação sem uma metalinguagem. Mas por que isso é importante, ou pelo menos deveria ser?

Eu mesmo respondo: “Porquê ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. No fundo de qualquer coração revolucionário bate a dor da desvirtuação do bom, do justo do que é eterno, e podem urrar e espernear, mas somo feitos todos do mesmo material, e aqui podemos utilizar a politizada ciência para atestar isso: átomos, células e moléculas formam um humano pensante, que sim, tem um coração perverso, (quem nunca pensou em uma maldadezinha), mas isso não significa a destruição de tudo, não significa o martelo destroçando nossas heranças culturais e morais, (seja lá inata ou não), até mesmo da própria linguagem, que vem sofrendo ataques sérios. Tudo, absolutamente tudo está em risco.

Vemos a desconstrução acontecer a golpes de martelo nietzschiano, e por mais sem lógica que possa parecer, o martelo deveria destruir, segundo Nietzsche, não só qualquer coisa para além da vida, mas qualquer coisa que se oponha a vida que a ameace, nenhuma muleta moral, nenhum deus, o demasiadamente humano sendo apenas o humano. Bem vazio? Não é?

Temos que a revolução degrada a natureza humana, em primeira instância o fundo moral último. Burke dizia que resistir à revolução, era algo que se fazia em nome dos “sentimentos inatos da minha natureza”.

Quando falamos em revolução, moral, martelo e destruição existe um elo implícito em tudo isso, um objetivo por detrás das cortinas. A busca violenta de um estado de perfeição, onde a liberdade vem “desmaneada” da responsabilidade moral e civil.

E ainda, cada palavra transformada em “novilíngua”, (Orwell) é um embrião que eclodiu em uma vitória revolucionária, o que causa terror ao conservador.

O martelo empunhado pelo revolucionário, a cada golpe ressoa novidades não só na nossa língua, mas na ideologia que insistentemente adentra os portões das escolas e universidades, e o eco alcança, e não raras vezes encanta, intelectuais, que levados pela primeira fervura tecem luminosos elogios.

Burke dizia que só a ideia de construção de um novo governo era suficiente para o encher de desgosto e horror, bom, eles entenderam, e agora atacam não mais quartéis, mas, como já dito, escolas e universidades, artistas e intelectuais, jornalistas que em cólicas alvorotam a população na ganância da destruição do estabelecido para dar espaço a ideologia de gabinete.

Nosso terror está intimamente ligado a filosofias prontas de mudanças abruptas, de herança imerecida e não conhecida, em outras palavras, do salto no escuro social, crendo cegamente na suposta bondade humana que é tão romantizada, ignorando totalmente aquela maldadezinha, tão presente nos nossos corações sobre aquele que furou a vila da vacinação.

Por fim, naquilo que melhoramos nunca estamos totalmente novos, segue o mesmo raciocínio no que preservamos, nunca é totalmente obsoleto. A melhor herança é uma ligação às leis fundamentais, afeições ao familiar, respeito aos vivos e principalmente aos mortos (lembrem de Burke).

 

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