É comum ouvirmos muitas pessoas dizerem que ter fé seria tão só e simplesmente acreditar em algo que não se vê. Tal afirmação, de tão repetida que é que, muitas vezes, de forma incauta, nós também acabamos dizendo isso para nós mesmos e para os nossos. Porém, porque realmente há um baita porém nessa história toda, fé nunca foi, não é e jamais será um trem assim. Na verdade, o nome disso seria credulidade.

Para começo de prosa, vamos dar uma olhadela na etimologia da palavra fé que, por sua deixa, vem do latim – sempre do famigerado latim – FIDES, que quer dizer: fidelidade, lealdade, honestidade, crédito, confiança. É, mas não significa, originariamente, crer em algo que não se pode ver, que não apresenta evidência alguma, que não se pode demonstrar, nem provar.

Saindo da etimologia da palavra, que por si só, já estoura essa visão equivocada que frequentemente vemos sendo dita aos quatro ventos, e repetida por nós em nosso íntimo, podemos ir dar um passeio pelo Antigo Testamento e, ao fazê-lo, veremos que, toda vez que o Eterno chamou um profeta para que ele levasse sua mensagem ao povo, Ele sempre, junto com o mensageiro, enviava um sinal para que o tal do povo pudessem confiar no que seu arauto estava dizendo. Claro que nem sempre a galera dava bola para os sinais apresentados e muito menos para a mensagem do Altíssimo e, quando isso acontecia, o trem desandava.

Bem, saindo do Antigo Testamento e indo para o Novo Testamento, vemos nos Evangelhos Nosso Senhor Jesus Cristo, popular J. C., pregando para a galera toda e Ele, incontáveis vezes, apresentava claríssimos sinais de quem Ele é, realizado toda ordem de milagres, desde a cura de leprosos até a ressurreição de mortos [mortos e sepultados, inclusive]. Basta ver o que estava acontecendo, ouvir o que estava sendo dito e confiar Nele, convertendo-se e passando a se esforçar para viver de acordo com o Evangelho.

Aliás, no capítulo onze do Evangelho de São Matheus, São João Batista, que encontrava-se preso na ocasião, mandou os seus discípulos terem um tête-à-tête com Jesus Cristo para saber se Ele realmente era o Messias ou não e, Nosso Senhor não mandou dizer para São João Batista algo como: “Acredita João, pode acreditar, eu sou o messias”. Não. O que lemos no Evangelho é o seguinte (Mateus XI:4-6): “Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos veem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa”.

Agora, se voltarmos nossa atenção para o mundo contemporâneo, poderão alguns, maliciosamente, afirmar que na atualidade a fé teria, de fato, esse sentido que comumente se atribui a ela, tendo em vista que não temos mais a presença dos profetas do Antigo Testamento, nem Cristo caminhando entre nós realizando prodígios de toda ordem.

Verdade, Ele não mais está caminhando entre nós, porém, Ele está no meio de nós e, como sempre, apresentando incontáveis sinais da sua presença em nossa vida e demonstrando o quão grande é o seu amor por nós. Por mim, por você e, inclusive, por aquele carinha que mora logo ali e que ninguém o suporta.

Todos os dias, repito, todos os dias milagres acontecem. Milagres de toda ordem ocorrem na vida de incontáveis pessoas e, tais acontecimentos – que, obviamente, não ganham o lugar reservado para as manchetes nos jornais, nem acabam estampados nas capas das revistas famosas – são sinais inequívocos da existência de Deus, da presença da ação do Altíssimo em nossas vidas e, principalmente, da manifestação da vontade de Deus.

Um desses sinais, por exemplo, foi a cura recebida por Gemma de Giorgi, que vivia na Sicília. Cura essa que foi obtida em 18 de junho de 1947 (pois é, foi no dia de hoje). Gemma era uma menina cega de nascença. Cega e sem pupilas. Repito: ela não tinha as pupilas dos olhos o que, obviamente, impossibilitava essa menina de um dia poder vir a enxergar. Nada podia ser feito.

Porém, a nona da Gemma resolveu levá-la até San Giovanni Rotondo, na paróquia do Padre Pio de Pietrelcina, do Santo Padre Pio. A menina, na ocasião, tinha sete anos de idade.

A viagem foi osso. Não foi fácil. E, logo que chegaram em San Giovanni, foram até a Igreja. No momento em que elas chegaram, o padre Pio estava distribuindo a comunhão. Então elas ficaram silentes e, de repente, ouviu-se a voz do padre, em alto e bom tom, dizendo: “Gemma, anda cá!”. Mais do que depressa, nona e neta foram em sua direção abrindo caminho no meio da multidão.

Ambas se ajoelharam diante do altar. O padre sorriu e disse para a menina que ela podia fazer ali a sua primeira comunhão. Ele ouviu a confissão de Gemma, colocou-lhe a mão sobre os olhos e ministrou-lhe a comunhão.

Pouco depois ela encontrou novamente o padre que, ao abençoá-la disse: “Que Nossa Senhora te abençoe, Gemma, e procura ser sempre boa”. Aí, nesse momento, ela deu um grito tremendo, em um misto de espanto e alegria. Isso mesmo: ela estava enxergando. Sim, ela está até hoje enxergando. Ah! Sim, antes que eu me esqueça: ela continua até os dias de hoje sem as pupilas e, mesmo assim, enxerga. E enxerga muito bem. Provavelmente muito melhor do que eu e você.

Sim, eu sei, estou sabendo que tem gente que gosta de achar ponta em tudo. Que duvida de tudo, menos de si. Então vejamos isso: passados quatro meses, Gemma foi examinada pelo professor Caramozza de Perugia, um oftalmologista de renome, que declarou, após examiná-la, que ela não poderia estar vendo. Que ela jamais poderia ver. No entanto, ela enxergava.

Dito de outro modo: contra todas as leis da física e da biologia, a menina sem pupilas – portanto, absolutamente incapaz de ver qualquer coisa com seus olhos – vê perfeitamente.

Enfim e por fim, por essa razão, ter fé não é, de jeito maneira, crer naquilo que não se vê, mas sim, confiar Naquele que tudo vê e, mesmo assim, nos ama sem medida apesar de sermos quem somos.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

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