Os brasileiros, dum modo geral, desde 2013, estão procurando a dita cuja da sua identidade e, nessa procura, ao que parece, estamos nos perdendo de nós mesmos.

Não digo isso do alto dum pedestal, com toda aquela pose de autoridade. Nada disso. Digo, como modesto bebedor de café que sou, diante de tudo que vejo, penso e que, por isso mesmo, me inquieto.

Sim, essa talvez seja a pergunta de ouro, que mereça ser não apenas e simplesmente discutida, mas também e principalmente, ser meditada da forma devida e apropriada, sem muita conversa fiada e, é claro, sem afobação.

Se nossos olhos voltam-se unicamente para o presente momento e, procuram nele, uma imagem ou um símbolo que traga para nossa alma algum alento, lamento dizer, mas estamos apenas a aprofundar mais e mais o nosso tormento enquanto sociedade e como indivíduos.

Infelizmente, gostemos ou não de admitir, nos falta a devida e indispensável profundidade. Somos rasos. É necessário que nossas raízes toquem fundo o solo de nossa história para que possamos nos nutrir com a cultura que nos foi dada como herança e que, por nós, arrogantes almas vaidosas, é sumamente desdenhada em favor de toda ordem de ideologias toscas e modismos da última hora.

Se nosso coração orbita, unicamente, em torno de figuras midiáticas, é porque, necessariamente, está nos faltando alguma substância que dê a nós uma visão mais ampla do destino de nosso país.

Em curto prazo, penso eu, com triste franqueza, não vejo nenhum sinal de clareza, mas acredito, com sinceridade, que se cada um de nós – pouco importando o ritmo político que bate nos átrios de nosso coração – procurar realmente transcender as meras paixões ideológicas do momento, poderemos ter, com o tempo, uma visão mais clara e límpida do quadro político e social em que nos encontramos já faz há algum tempo.

Para tanto, penso também, que para realizar essa fatigante empreitada, não devemos ficar esperando que muitos nos acompanhem, pois se assim procedermos, sinto dizer que continuaremos a ficar patinando no mesmo lugar e isso, imagino, não é o que pessoas de bem, que ganham o pão de cada dia com o suor do seu rosto, desejam para a sua pátria, para seus filhos, para as futuras gerações que herdarão de nós o que hoje estamos fazendo com o tumulto que toma conta de nossas mentes e corações.

Enfim, urge que tenhamos a capacidade de enfrentar nossos temores e conhecer, mais e mais, as obras, trabalhos e autores, que ajudaram a criar as múltiplas imagens que dão forma a esta Terra de Vera Cruz para, assim, não ficarmos reféns das inumeráveis confusões, semeadas pelo imediatismo, que, muitas e muitas vezes turvam nossos olhos e agitam nossas emoções.

Por fim, teria uma modesta lista de obras para sugerir, mas não o farei, tendo em vista que essa procura – inclusive a formação dessa lista – é uma jornada que deve ser realizada por cada um de nós, porque, fazendo-a, de cara iremos sentir um clarear de nossa vista que irá alumiar todos os costados da nossa alma.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela, em 10 de novembro de 2019.

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