Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

ASSASSINATO SILENCIOSO 01 – De fato, somos um país miserável. Não materialmente. Espiritualmente. Um país que teme o nascimento de uma criança, um país onde o silencioso assassinato a sangue frio de um inocente é reconhecido como um “direito reprodutivo” é, infelizmente, uma sociedade desfibrada moralmente, pervertida antropologicamente e monstruosamente sombria em seu espírito.

ASSASSINATO SILENCIOSO 02 – Mais escandaloso que vermos covis de ladrões e guildas de larápios legislando cinicamente em benefício de si e dos seus é vermos prelados transubstanciando linguística e legislativamente o homicídio de um inocente em uma conquista democrática.

A TRISTEZA DO JECA – Felizes eram os dias em que reinava em nosso país a hipocrisia, pois o hipócrita ao menos tem a qualidade de reconhecer o valor da virtude. Por isso ele, o hipócrita, a homenageia com a sua fingida e superficial honorabilidade.

Inclusive em alguns casos, mesmo que eles fossem poucos, com o tempo o dissimulado acabava tornando-se, de fato, o simulacro.

Hoje não mais temos isso não. De jeito maneira.

O que atualmente impera nas esferas mais elevadas de nosso país, sejam círculos políticos ou republiquetas de letrados, é o cinismo criminoso puro e simples daqueles que acreditam que sua ganância em misto com o espírito de facção que os move seriam a medida de todas as coisas, inclusive do decoro e da ética.

Não é à toa que estamos nesse lúgubre lamaçal. Não é à toa mesmo.

BICHINHO DE PELÚCIA – É compreensível que um corrupto queira, com todas as forças de sua pútrida alma, esquivar-se dos braços da justiça e querer fazer o diabo para poder continuar a sua lambança junto as úberes estatais. O que, realmente, fica bem difícil de entender é o que leva as hostes de militontos e similares a defenderem com unhas e dentes os seus monstrinhos corruptos de estimação; a defende-lo de modo similar a uma criancinha mimada que tenta livrar o seu bichinho de pelúcia preferido das mãos da professora que quer confiscá-lo.

A REGRA DO JOGO – Uma das grandes chagas da vida política brasileira é o imundo espírito de facção que a domina.

Tal espírito suíno, nos círculos provincianos brazucas é chamado de “grupo” e, Oliveira Vianna, de modo mais sofisticado, chamava de clãs políticos.

Ou seja: não há no cerne desses clãs um plano de longo prazo que represente o bem comum. O que há é tão somente uma estratégia de curtíssimo prazo para que os membros do grupelho possam se locupletar por algum tempo nas mamas estatais.

Tais entidades, que nada mais são que um punhado de pessoas que se envolvem na vida pública para obter vantagens junto a coisa pública para a sua facção, definitivamente, são o veneno que carcome o espírito democrático de nosso país onde canalhas, incompetentes em tudo nas suas porcas vidas, ingressam numa suposta “carreira política” apenas com o intento de obter, como direi, uma renda mínima para os seus decaídos mimos existenciais sem ter de fazer muito esforço para tal.

Essas almas podem até realizar algo de bom em favor do bem comum, mas, tal bem não passa dum efeito colateral de sua ação que tem como finalidade primeira o benefício do dito cujo do grupo e não o bem-estar da sociedade.

Enfim, seja como for, tais grupos não tem uma política, uma diretriz programática para guiar as suas ações. A única orientação que se faz presente no âmago destas hostes provincianas, comandadas por mandões e “coronéis”, é o parasitar sem peso na consciência que, por sua deixa, jaz amortecida por uma retórica populista vazia.

Não digo que em todo mundo a vida política seja assim, mas aqui, em praticamente tudo assim o é.

O PONTO DO CONTO – Não há dúvidas de que o momento atualmente vivido pelo Brasil é dramático. Porém, o terrível nisso não é o tragédia em si, mas sim, o fato de a sociedade estar muito mais sentido e ressentindo-se do drama do que procurando esforçando-se para analisa-lo e compreendê-lo.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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