PÁGINA 3, LINHA A]

Vou dizer uma heresia. Lá vai: Temer, o Vampirão, com todos os seus defeitos e malfeitos, está entregando o Brasil melhor do que pegou. Poderia ser melhor, é claro, mas entregou bem melhor do que recebeu.

[PÁGINA 3, LINHA B]

O medo é um sentimento bom. Na verdade, é o sentimento que mais nos educa. Ele nos motiva a aprimorarmo-nos frente aos desafios que a vida nos apresenta, fomentando em nós o cultivo da virtude da fortaleza, da coragem, entre outras coisas.Agora, outra coisa bem diferente é o pânico que nos é muitas vezes infundido por um clima de histeria coletiva. Esse, ao invés de nos levar na direção do cultivo da referida virtude, acaba por nos agrilhoar numa paranoia sem fim, que nos imobiliza moral e intelectualmente e nos leva a tomar atitudes desordenadas e covardes frente a inimigos imaginários que apenas se fazem presentes no clima de alucinação coletiva em que nos encontramos imersos.Por isso, penso eu, é imprescindível que aprendamos a ter medo para não sermos devorados e digeridos pelo pânico ideologicamente maquinado.

[PÁGINA 3, LINHA C]

Uma coisa é conhecer de perto os reais problemas inerentes ao sistema educacional brasileiro, outra bem distinta é dizer, da boca pra fora, que se preocupa profundamente com essa encrenca, ignorando por completo o fato ululante de que não tem a menor ideia de quais seriam os mais gritantes problemas que permeiam o ambiente escolar.Talvez, e por isso, que gente desse naipe, que afirma ter uma carta na manga para todos os problemas nacionais, olhe com tanto desprezo para aqueles que confessam a tristeza que se tornou o sistema de ensinação em nosso país e, principalmente, que reconhecem o quão impotente são todos os esforços, sinceros ou fingidos, para tentar dar um norte nessa zorra toda.Zorra a qual, sou franco em dizer, em nível nacional não tem cura. Não mesmo. Não se iluda.Agora, se você deseja realmente resolver os seus problemas de (de)formação educacional e ajudar aqueles que tenham o mesmo intento, aí sim, estamos falando em educar de verdade e não mais nessa megalomania de resolver tudo sem nada fazer, porque a educação, meu velho, começa com o disciplinar da vontade, com a autodisciplina, não com planos nacionais.Se fizermos isso, se ansiamos por isso, encontraremos um caminho para esse mar de desesperança.Fora disso o que temos são apenas promessas ocas proferidas com palavras vazias.

[PÁGINA 3, LINHA D]

Toda vez que alguém justifica a importância de um sujeito com base no fato dele ser um “sinhô dotô”, sei que estou diante dum idólatra de pedaços de papel pintado.Por muito tempo, nessa terra de botocudos, viveu-se sob o signo dos bacharéis que, em resumidas contas, não passavam de ignorantes diplomados, autorizados a exercer um ofício que lhe atribui-se algum status social. Grandes coisa.O tempo passa, os dias chegam, e cá estamos todos nós, ainda, mais do que nunca, vivendo numa terra que tem palmeiras, num país onde cantam os sabiás, um lugar onde um punhado de diplomados de todos os naipes se locupletam sobre o povo, um grupinho de sujeitos toscos que se autoproclamam os representantes oficiais dos infelizes da pátria para pouco ou nada fazer por eles.

[PÁGINA 3, LINHA E]

E é só. Hora do café.

Compartilhe

Veja mais