Por Maurício Marques Canto Jr. (*)
A vida humana é um movimento em direção àquilo que considere valioso: onde eu estarei é melhor do que onde estou.
Se o indivíduo não tiver um sentido para a própria existência, um destino escolhido nesse vale de lágrimas, vai se tornar amargo, ressentido e cruel.
Um barco sem porto, um pássaro sem ninho: tudo no mundo torna-se horrível, canalha e angustiante. Os olhos só percebem um vasto horizonte de problemas sem solução que o “imaculado” coração do perdido, preguiçoso e covarde, nega-se a fazer parte.
Daí a culpa é o do sistema, de pessoas abstratas sem nomes ou rostos, fantasmas do buraco negro de uma mente sem coração.
A transcendência exige a vida cimentada na busca de valores, do fugir do ruim para buscar o bom.
E essa busca nem sempre é individual ou solitária.
Operando no espaço social, existirá competição e colaboração entre os indivíduos.
Onde houver um esforço coletivo, a sociedade se organizará na busca desses valores, gerando uma hierarquia de competências (na regra natural de Pareto ou do efeito de Matheus, fonte: Jordan Peterson), onde poucos serão muito relevantes e muitos serão pouco relevantes.
Essa hierarquia gerará diferenças de renda (justas ou injustas) e de status. Também possibilitará a tirania.
No momento em que a hierarquia seja demasiadamente limitante, com poucos abusando de muitos, aqueles que nunca tiverem nada, nada terão a perder, permitindo espaços revolucionários.
Mudanças devem ocorrer, sem dúvidas, mas a questão não é o “que”, mas o “como”.
Atualmente, até esquerdista com meio neurônio reconhece a impossibilidade de uma economia totalmente planificada (se não tem mercado, as coisas não tem preço. Se não tem preço, não é possível planejar).
Mas o instinto da destruição da estrutura do real (o capeta, se preferir), precisa domesticar os indivíduos para que se tornem agressivos injustamente revoltados.
Não conseguindo insistir na patetice do “donos do meio de produção versus donos da força de trabalho” (essa maniqueísta visão do marxismo não se mantém desde a primeira guerra mundial, onde proletários de um país lutavam contra proletários de outro), a necessidade da busca de cizânia social (da guerra de todos contra todos) deve ser buscada para além do sucesso capitalista (sim, saltamos de 80% da população na miséria para algo abaixo de 10% em menos de 200 anos – e se alguém não sabe nem disso é melhor investir as energias carpindo um lote), a busca na geração de identidades que se conflitem socialmente passou do burguês/operário para homem/mulher, branco/negro, hétero/homo, nacional/estrangeiro.
Para aprimorar a cizânia, narrativas, historinhas inventadas ou cirurgicamente construídas concorrem entre si para encontrar a vítima mais excluída, o coitado mais infeliz.
Daí o politicamente correto torna-se o instrumento de tribalização, da sagrada cizânia. Essa engrenagem política está destinada a impedir que o reconhecimento mútuo de nossas diferenças nos completam e nos melhoram. Quando todo mundo se odeia abertamente, quem busca soluções é um fratricida.
Daí você não pode falar que negros escravizavam negros (no Brasil e na África), que homens são a maioria das vítimas leitais de violência doméstica, que menos homos são assassinados do que héteros (ainda que proporcionalmente), que a igualdade salarial é um direito garantido (e deve ser devidamente exigido, óbvio – com as diferenças salariais possuindo mais de 17 quesitos além do sexo), ou que tem muita terra para índio em lugares estrategicamente lotados de minérios enquanto a maioria vive sem produzir subsistência ou cultura.
Se mencionar que, óbvio, problemas existem mas não são nem da forma nem da natureza que pregam por aí, você é homofóbicoracistamachistaopressor.
Enquanto mantém a inerme população calada, homens com seios postiços e injeção de hormônios vencem campeonatos de luta-livre (a ponto de rachar a órbita ocular da concorrente), competem em concurso de miss universo ou meramente declaram que “mudaram de sexo” (que é absolutamente impossível -gênero é outro assunto) para conseguir carteira de identidade com clara falsidade ideológica sacramentada pelas mãos de um Estado dominado por oligofrênicos cheios de títulos e vazios de inteligência.
Nessa inversão completa da realidade, nada mais normal do que aborto fazer parte dos direitos humanos, cujo Irã (“regime islâmico que condenou Nasrin Sotoudeh, advogada e ativista pelos direitos da mulher, a 38 anos de prisão e 148 chibatadas”, fonte: O Antagonista), foi “escolhido para chefiar uma subcomissão de comunicações dentro da Comissão sobre a Situação da Mulher na ONU”, fonte: Cruzoé.
Querem nos enlouquecer, porque sozinhos, perdidos e desesperados seremos presas mais fáceis.
A luta é pelo poder, poder contra o indivíduo.
Eu nunca reclamei da bola, no limite estou narrando o jogo.
E todos, todos nós, estamos perdendo.
(*) Bacharel e Mestre em Direito pela UFPR. Advogado, professor orientador em especialização pela UNITER e aluno do COF (Curso online de Filosofia).