Rev. Sandro

Propagandas e postagens, reportagens e decretos de todas as esferas sempre atentam para um princípio simples na luta contra o Covid 19 – lave as mãos. Antes de fazer um julgamento pelo título do presente artigo, quero dizer que sou a favor e lavo as mãos várias vezes ao dia.

Para compreender o título, vou voltar um pouco no tempo, mais de 2000 anos, numa passagem tensa na vida de Jesus, quando estava perante o governador, Pôncio Pilatos. Este fato está registrado no Evangelho de Mateus capítulo 27. Pilatos tinha autoridade de soltar Jesus, ou permitir que fosse crucificado.

Ao questionar Jesus, Pilatos percebeu que estava diante de uma pessoa justa, mas devido à pressão do povo, acabou cedendo, soltando assim um bandido e entregando Jesus para ser crucificado. Esta decisão de Pilatos foi marcada por um ato: “lavou as mãos perante o povo, dizendo: estou inocente do sangue deste justo, fique o caso convosco” (Mateus 27.24). Agora sim podemos falar do “não lave as mãos” como Pilatos fez.

A história de Pilatos nos mostra que não basta ter boas intenções, não basta reconhecer o que é o certo a se fazer, é necessário ter atitudes corretas. Boas intenções sem boas atitudes não são suficientes. Infelizmente, nos dias atuais, muitas pessoas continuam “lavando as mãos” em relação a fazer o que é certo, na hora certa. Há pessoas “lavando as mãos” em relação a ajudar o próximo, com condições de ajudar, até com boas intenções, mas por pensarem somente em si mesmas, deixam para outro fazer.

Outros, por pensarem somente em si mesmos, cobram preços abusivos de produtos e serviços, “lavando as mãos” com respeito a ajudar o próximo. Dentro disso ainda, há atitudes criminosas de pessoas que não precisam receber o auxílio do governo durante o período de Pandemia, e “lavam as mãos”, tomando o lugar de quem precisa, para gastarem com coisas tão supérfluas, enquanto outros realmente necessitados, que estão ali para alimentar os seus, as vezes não conseguem.

É triste ver pessoas, tomando o lugar de quem realmente precisa, para receber a ajuda da merenda escolar, enquanto os que precisam andam quilômetros para conseguir uma cesta básica, os que “lavam as mãos”, que não estão nem aí para os necessitados, vão com os seus carrões buscar o que poderia ser doado para outra família. Infelizmente vemos esse “lavar as mãos” em várias esferas da sociedade, um Congresso em silêncio quando fala de diminuir as suas despesas para ajudar o Brasil, brigas partidárias ridículas e inúteis, “lavando as mãos” para o que realmente precisa ser feito.

Espero que você “não lave as mãos”, ignorando essa Pandemia, pensando só em si mesmo. Que Deus desperte mais pessoas com boas intenções e com boas ações, para que, no final de tudo isso, possamos agradecer a Deus por fazermos parte daqueles que “não lavaram as mãos”, que fizeram a diferença na vida do próximo.

Que seja este o seu legado e não fique marcado negativamente como o personagem Pilatos. Que o lavar as mãos seja sempre uma questão de saúde pública, para combater o vírus e não uma questão de não fazer nada pelo próximo.

Rev Sandro – pastor da Igreja Presbiteriana de Pinhão

    

Compartilhe

Veja mais