Francisco Carlos Caldas

A morte que é um acontecimento natural e que ninguém escapa envolve ainda muito tabu, restrições até de abordagens sobre o assunto.

        Este pensante há anos, estuda e tenta se preparar e preparar outros a respeito desse fatídico evento. E já fez  e teve publicadas várias crônicas a respeito. E o tema apesar de árduo, delicado, meio que tenebroso, tem um certo fascínio. E anos atrás até pensou em se preparar para atuar como Ministro  da Esperança, ou algo assim, mas depois desistiu da ideia por outros compromissos e encargos da vida, e também para não ter lembrança e nome relacionado a morte, como agentes funerários o têm.

Ainda que fã de  falas fúnebres em exéquias, como  entre outras as feitas pelo Padre  Roque nas exéquias  e missa do dia 18/5/1997 do saudoso ex-Prefeito Darci Brolini;   pela minha prima e ex-professora Maria  Francisca da Silveira, já falecida,  na despedida da também professora Eunice Dôliveira Lima; da fala feita por Francisco Deodoro Sens, na missa do passamento de sua irmã Maria Paulina Sens Rech dos Santos; da fala de José Nascimento Umburanas (Baiano), na Missa da passagem do nosso saudoso Zorardo de Deus Rocha; da abordagem feita pela colega Tatiana, antes do sepultamento do seu avô e nosso dileto amigo e cidadão seu Evandro de Almeida; da fala do ex-Presidente do EUA, Barack Obama, nas exéquias de Nelson Mandela (Madiba) e  do ativista de direitos civis, John Lewis.

            As mortes de cada um  em Pinhão, são muito ricas de material para reflexões, dos porquês, momentos, mistérios e impactos de cada uma.

            Na história de Pinhão, na nossa idiossincrasia, morte por crime de natureza política sou houve uma, a de Mário Evaldo Mórski, em 4/4/1984; nós só não fomos o 2º.   ser assassinado por política e em agosto/setembro-1989, por algumas cirucunstâncias, entre as quais, boa retaguarda,  por prevenções, feitura de dossiê e termos botado a boca no trombone e Tribuna da Câmara.

            Na família Estevam Caldas da origem paterna deste, duas mortes por homicídios (Lauro e Léo Caldas da Silva, este último como Delegado).

            Dia  4/3/2021, por acaso ouvi  reprise de dois relatos interessantíssimos de mortes antigas e impactantes em Pinhão: uma de um assassinato por engano de um rapaz  de nome Rubens Gomes, no Clube União e Progresso, e que o assassino queria matar um outro por vingança da morte do pai quando ele era criança;  outro caso, de um suicídio ocorrido há muitos anos atrás, de um rapaz que tinha uma paixão doentia por uma moça, e paixão não correspondida se matou na frente dela em impactante tragédia.

            A lógica da vida é morrermos do coração (infarto), AVC (derrame cerebral), câncer, e alguns depois das agruras do Mal de Alzheimer, e nos últimos tempos o coronavírus COVID-19, fazendo muitas vítimas, só em Pinhão no último Boletim:  21 mortes;  4 na UTI, 18 hospitalizados (11 em Pinhão).

            Há famílias longevas: Lustosa Mendes, e outras morredores cedo. Meus parentes do lado paterno (Caldas) não duram muito. Meu pai, faleceu com 78 anos, de câncer na bexiga; minhas tias do saudoso Capão Cortado/Fazenda dos Caldas, morreram pelo que me recordo  na faixa dos 67/70 anos, praticamente todas, de problemas no coração. Minhã mãe a primogênita da Família Dellê de Pinhão, morreu do coração depois de usar marca passo por uns tempos,  com 83 anos. Um irmão deste escriba faleceu com 67 anos, de câncer de próstata; um sobrinho (José Eugênio) do coração com 38 anos. Avô materno  deste com 50 e poucos anos, por problemas com diabete.

            Na edição do dia 3/3/2021, foi publicado no Jornal “Fatos do Iguaçu” uma reflexão de nossa lavra, sobre Codicilos e Testamentos, que tem relação com o enfoque em tela.

Por na infância ouvir muitas estórias de visagens, assombrações, já tive muito medo de morto,  restrições a cemitérios, velórios, mas depois que acompanhei os últimos meses e dias de vida de meu finado tio paterno, Amazonas da Silveira Caldas, no início da década de 1970, que morreu em Guarapuava de câncer na garganta e consequente inanição, e ouvirmos dele uma espécie de codicilo verbal; termos ajudado lavar o seu corpo em preparação a sepultamento no Cemitério da Caroba de Pinhão, nos estruturamos melhor para os enfrentamentos de mortes de entes queridos e pessoas de um modo geral. Além do que acompanhamos numa noite por causa de abelhas, a mudança dos restos mortais de meu pai de uma gaveta e capela para outra, no Cemitério da Caroba.

 Morte acidental de crianças, jovens e mesmo de adultos, ainda não adquirimos mecanismos de defesa para os necessários enfrentamentos. De mortes, de doenças já estamos mais preparados. Mas de qualquer forma, todos os tipos de morte fazem parte da vida, e é muito interessante e útil pensar bem sobre isso, pois muitas coisas podem ser evitadas  e vidas prolongadas, e independentemente de crença ou não em vida eterna e ressurreição da fé cristã, não há nenhum mal em não ter pressa de partir desta para outra, daí, termos feito um projeto de não partir antes de 90 anos, mas se tal ocorrer que não seja  por bobeiras, fraquezas e falta de cuidados mínimos com a VIDA, que é bela e curta demais para ser pequena, nas linhas de pensamento de Fernando Pessoa, e do filósofo e professor Mário Sérgio Cortella.

E que nos livremos logo da pandemia do coronavírus COVID-19 e suas variantes, de muitas mortes e contexto aterrorizante, e que ninguém deixe de fazer manifestações na agonia da morte, respiração ofegante ou coisa do gênero, mas que deixe codicilo, testamento ou escritos como este, já que obra maior como Memórias Póstumas de Brás Cubas de 1881, é meio que só ou só quase com o genial escritor carioca Machado de Assis,  que viveu nos anos de 1839-1908.

         Francisco Carlos Caldas, advogado,  ex-Vereador, municipalista e cidadão.

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