Por Edmilson Siqueira Caldas (Dentinho)*
O mango, o laço e o arreio, eram os apetrechos de um tropeiro.
Que dava oh de casa em pousadas e nas sesteadas saboreava um carreteiro
Da tropa ouvia o berro quando o dia vinha raiando.
Tomava um cafézito e já saía na marcha do ruano.
Se alguma rês desgarrava chamava o cusco pra “enlotá” de novo.
Ensinando seu cavalo ser pronto para qualquer retovo.
Léguas e léguas andando por estas estradas da vida.
Agradecia o estancieiro e soltava a tropa até o fim da lida.
Se lá no alto da coxilha, caso se formasse um temporal.
Tinha fé no Patrão velho que nada lhe iria acontecer de mal.
A tropa já costeada acompanhava a batida do cincerro.
– “Acerca lá nhô Bento! prá evitá um entrevero.”
A gaita nas sesteadas falava a voz da saudade na distância.
Após soltar a tropa no potreiro e se acomodar um galpão de outra estância.
O cusco velho cansado deitava na sombra do Picasso.
E o tropeiro arrumava sua montaria e estirava o seu laço.
Contava suas historias, das tropeadas que fez.
Das chinas que conheceu e esperava vê-las outra vez.
Num bolicho beira estrada, tomava um gole de canha para amenizar a saudade do ranchito.
Tragando seu palheiro, com olhar distante, pensava em ensinar o seu piazito.
Quando chegava à fazenda, a família vinha o encontrar.
A emoção é grande! E a maior, é do fim dessa empreitada, chegar.
Marca de casco na estrada, hoje se dificilmente.
E o progresso trouxe saudades para muita gente.
*Escritor, professor, acadêmico do 4º ano de Letras Português – Unicentro edmilsoncaldas@yahoo.com.br