Por Dominique Acirema S. de Oliveira 

“Um dia seremos apenas um retrato na estante de alguém. Depois, nem isso”. Li essa frase nas redes sociais da vida, frase esta que foi atribuída a Telomar Florêncio.

Refleti profundamente sobre o tema, a morte, a despedida, a ruptura causada pelo advento por todos sabido, porém por ninguém esperada. Quem somos na “ordem do dia” ou “na fila do pão”? Coloquialmente falamos. Por que o ser humano muito embora saiba de sua fragilidade gigantesca ainda assim vive como se eterno fosse?

Com algumas poucas supostas respostas, mas com inúmeras dúvidas, acredito que Deus colocou dentro do coração de cada ser humano uma fagulha de eternidade, é por isso que nos preocupamos em construir, fazer, possuir, ter, evoluir, caso contrário, se nos apegássemos pura e simplesmente a maior certeza dessa “vida” qual estímulo teríamos para “viver”.

É certo ainda que nenhum indivíduo esteja pronto para se despedir dos seus, a morte leva consigo não apenas a presença de quem amamos, mas nos impede de criar novos registros, novas memórias, partilhar o outro dia, e o outro e o outro, a ausência que não pode ser suprida, preenchida ou até mesmo substituída, será? Autores “pops” anunciam: “Você é insubstituível”, e eu pergunto, será? Será mesmo que cada indivíduo tem uma relevância tão grande no universo que não poderá ser substituída, temo pensar que a resposta é negativa, isto é, seremos sim substituídos, ultrapassados, suprimidos e como diz o autor da frase inicial não seremos mais nem um retrato na estante de quem quer que seja, e nem uma foto na tela inicial de um celular.

Isto é bom, ou ruim, a depender do nível de narcisismo que você possua pode ser muito ruim, ou pode ser apenas triste, triste porque ninguém quer ser esquecido, ninguém quer representar uma vaga lembrança cinza na memória das pessoas, porém é o que se faz em vida que refletirá no quanto tempo essa lembrança se perpetuará.

Contudo, não é essa a meta que perseguimos, dedicamos muito mais do nosso tempo olhando apenas para nós, para uma vida até um pouco egoísta, sem servir, sem criar laços, sem ser útil para o outro, criando, construindo uma redoma de vidro entorno de nós mesmos, e muitas vezes deixando o que é mais importante em segundo plano, que não há como negar que sejam as relações humanas, aquelas realmente verdadeiras, aquelas relações que te fazem ser quem você é, que te afirmam, te sustentam, te promovem.

Para o Estado, somos apenas um número de CPF, ou agora mais uma “cabeça de gado vacinada”, para o emprego apenas mais uma força braçal, somos um e meio a milhões, integramos as estatísticas do acaso, mas para quem temos nome? Quem são as pessoas que nos chamam pelo nome, e não por números, quem sabe quem nós somos?

Quero crer profundamente que a família, sim a família aquela que te magoa, que te traumatiza, que te apelida, mas se faz tudo isso é porque te ama e tem influência sobre você, afinal de contas só somos nós mesmos “em casa” no trabalho “engolimos sapos” em casa “quebramos o pau”, no preenchimento de formulários do Estado mostramos nossa melhor versão, em casa somos o que somos.

É onde há sentimento, que há valor, quando aplicamos o coração, nosso afeto, quando reverberamos um pouco daquela fagulha de eternidade que faz com que marquemos presença e fixemos lembrança externamente, podendo quem sabe “viver” mais tempo.

“As pessoas esquecerão o que você disse, as pessoas esquecerão o que você fez. Mas elas nunca esquecerão como você as fez sentir”. (Carlos W. Buehner)

Seres humanos por mais robóticos que a geração atual tenta nos converter são seres sentimentais, emocionais, dramáticos por assim dizer, portanto o sentimento que causamos nas pessoas, e somente isso nos fará perpetuar “um pouco mais” nessa vida.

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