Incrível o poder que têm as lágrimas.

Quando derramadas, não importa onde, como ou por quem, elas causam algum tipo de comoção.

Quem está em volta daquele que chora fica visivelmente incomodado: alguns se afastam, outros fazem de conta que não estão vendo e alguns poucos se aproximam querendo saber o que podem fazer para ajudar.

Quer ver isso acontecer quase que instantaneamente é quando um homem, marmanjo de tudo, não consegue esconder o que sente e simplesmente chora.

Quando acontece isso e o pobre moço está sozinho, o primeiro que passa tenta acudir.

É automático.

Parece que ele não tem o direito.

Caso seja criança desacompanhada, as pessoas se mobilizam para encontrar a mãe, o pai, o responsável. É preciso entregar o pequenininho para quem de fato o console.

Chorar é bom, lava tudo, limpa a alma, deixa leve.

Depois de um choro bem chorado, passada a dor de cabeça e o inchaço da cara, as ideias se clareiam, o coração fica leve, a mente fica pronta para decidir.

Mas, apesar de sabermos de tudo isso, não conseguimos, não aceitamos assistir às pessoas chorando ao nosso lado e, por isso, só por isso, tentamos fazer com que parem de alguma maneira, que se acalmem, para que deixem de desaguar.

Acho essa atitude muito bacana e confesso que, nem que seja oferecendo lencinho de papel, eu também tento consolar os chorões que cruzam meu caminho.

Mas existe uma categoria de pessoas que chorae eu acredito ser de bom tom manter a distância, aliás, não é bom nem olhar.

Isso acontece, a meu ver, quando uma mãe está tentando acalmar seu filho nervoso que chora, grita e esperneia.

Ao se deparar com uma situação dessas, só se aproxime se tiver algo realmente interessante para distrair o pequenininho. Algo que você dará a ele e desaparecerá em seguida.

Se não for assim, você que não entende nada de crianças, que nunca criou nenhum passarinho, por favor, siga a sua vida sem nem olhar para trás.

Nunca, nunca mesmo critique ou lance olhares de reprovação.

Cada um sabe de si e você que não sabe o que motivou o choro, não sabe como foi a noite daquela criança, nem se ela está com dor ou fome, por favor, não se meta.

Afinal, o choro, o derramamento público de lágrimas é sinal claro e notório de algo que não está normal e quem deixa que os olhos vazem assim no meio da rua, ou está lidando com quem chora desconsolado, precisa de qualquer coisa, menos de acusação.

Por isso, hoje, só por hoje, estenda a mão, o lencinho, o ouvido e exercite sua empatia com quem chora.

Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segundas, quartas e sextas no www.viviantunes.com.br

 

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