Live sobre o La Ninã

Redação Fatos do Iguaçu

A safra 2020/21 começou sob a influência da La Niña – fenômeno climático que se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, o que impacta as condições de tempo do continente. Em consequência, as previsões são de que o Paraná terá chuvas irregulares entre abaixo e próximo da média até dezembro, o que pode trazer dificuldades para o produtor rural.

Detalhes sobre esse fenômeno e os reflexos na agricultura e no meio ambiente foram apresentados em transmissão ao vivo promovida pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, com apoio do Sistema Faep/Senar-Pr.

O meteorologista Marco Jusevicius, do Instituto Simepar, discorreu sobre as perspectivas para os próximos seis meses, ressaltando que no Paraná o reflexo será de fraca intensidade. “Devemos ter uma persistência do fenômeno principalmente na primavera e início do verão, entre setembro e dezembro. A partir de então, entra um período de neutralidade climática”, disse.

CHUVAS – A influência do fenômeno deve interferir no volume e na distribuição das chuvas pelo Estado. Entre outubro e dezembro, as precipitações devem ser menores em relação às médias históricas e distribuídas de maneira irregular. Depois, está previsto um período de transição, em direção à neutralidade climática.

Com isso, as chuvas voltam a cair mais regularmente e até com perspectivas de atingirem níveis acima da média. “Fica um primeiro sinal de que, no início do verão, pode ter uma reversão do quadro de La Niña, com o início de neutralidade, sem dias tão secos e com o retorno gradual da atividade de chuvas. Podemos esperar até chuvas acima da média neste período”, observou Jusevicius.

ROTAÇÃO DE CULTURAS – O coordenador do Programa Grãos Sustentáveis, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná–Iapar-Emater (IDR-Paraná), Edivan Possamai, lembrou que a estiagem é um dos fatores que podem comprometer a produtividade. Na safra 2018/19, em que o Paraná enfrentou escassez de chuvas, a produtividade média foi de 2,9 toneladas por hectare. Na safra seguinte, em que os índices pluviométricos foram satisfatórios, a produtividade ficou na casa das 3,7 toneladas por hectare.

Para minimizar os impactos causados pela eventual falta ou excesso de chuvas, o produtor rural pode lançar mão de boas práticas. Uma das orientações é que o agricultor adote uma série de cuidados constantes, entre elas a rotação de cultura, com o objetivo de manter as boas condições do solo e evitar a compactação.

“O solo é o grande regulador de água no sistema de produção agrícola. É como se fosse uma caixa d’água onde a gente vai armazenar água para os períodos de estiagem”, comparou. “Um solo compactado impede as raízes de descerem ao perfil do solo, sem aproveitar a água armazenada no subsolo. Entre seis e sete dias de estiagem, as plantas já apresentam deficiência. Com um solo bem cuidado, as plantas podem ficar 15 ou mais, sem ter reflexos”, acrescentou.

MIP E MID – Possamai também mencionou o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Com o MIP, o produtor utiliza, por exemplo, inimigos naturais (como insetos, aracnídeos, etc.) para combater pragas. Com isso, além de ter uma produção mais sustentável, consegue economizar, reduzindo o número de aplicação de defensivos. Hoje, as áreas cultivadas de modo convencional no Paraná demandam uma média de 3,9 aplicações. Nas lavouras em que os produtores recorrem ao MIP, a média é de 1,9 aplicação.

Outro programa mencionado foi o Monitoramento Integrado de Doenças (MID), que desenvolve um trabalho preventivo de controle da ferrugem asiática da soja. Hoje, há 250 coletores de esporos da praga, instalados em regiões produtivas do Paraná. Por meio desse sistema, é possível que o agricultor esteja sempre um passo à frente. “Quando se detecta que há esporos no coletor, dá-se um sinal para o produtor, que é o melhor momento para fazer o controle”, apontou o especialista.

PLANEJAMENTO  – O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, destacou que, tanto as informações sobre o clima quanto as sobre as boas práticas, auxiliam o produtor rural. Na avaliação do secretário, o agricultor deve ter todas as informações em mãos para planejar a produção da safra 2020/21 de forma segura.

“Estamos calibrando forças para fazer nossa safra de forma sustentável. Em um quadro com possível La Niña e com falta de chuvas no próximo quadrimestre, temos que conciliar essas informações com a nossa realidade individual, levando em conta o zoneamento de risco climático. Tudo isso para que não coloquemos em risco nosso patrimônio”, afirmou Ortigara.

SUSTENTABILIDADE – Por sua vez, o secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, ressaltou a importância de o Paraná manter sua produção dentro de conceitos de sustentabilidade – um requisito exigido cada vez mais por compradores internacionais.

“O Brasil é um dos países que mais preserva no mundo. Dentro do País, o Paraná é um dos que mais preserva. E é muito possível o produtor ter alta produtividade e cuidar do meio ambiente. Temos que nos manter neste caminho, para que possamos produzir e vender nosso produto no mercado internacional. É muito importante levar esse selo de sustentabilidade. E isso nós temos conseguido fazer”, disse.

O presidente do Sistema Faep/Senar-Pr, Ágide Meneguette, lembrou que o produtor também precisa fazer a sua parte, apostando sempre em boas práticas e em tecnologia, como forma de otimizar a produção e manter a produtividade. “Hoje, nós temos que estar de olho em tudo. O cuidado com o solo evita muitos prejuízos, garante produtividade. Por outro lado, temos que monitorar o clima sempre. As tecnologias existem e nós precisamos fazer esse acompanhamento”, afirmou.

Com informações do Sistema Faep/Senar-Pr

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