Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

TEMOR E TREMOR – Numa passagem do Evangelho de São Lucas, Nosso Senhor lembra-nos do óbvio ululante como, aliás, Ele frequentemente o faz e nós, de nossa parte, repetidamente ignoramos. O obvio é que tudo aquilo que é agradável aos homens – ao mundo e a carne – não é agradável a Deus e, por isso mesmo, isso tudo acaba sendo agradabilíssimo aos principados e potestades das trevas.

Por essas e muitas outras que o temor de Deus é princípio de sabedoria, como nos ensina o livro dos Provérbios. Já o temor do mundo e a fraqueza da carne, por sua deixa, são o antônimo disso e, mesmo assim – sabe-se lá por que cargas d’água – acabamos por preferir o segundo em detrimento do primeiro.

Bem, seja como for, nunca é demasiado tarde para revermos nossas esquisitas escolhas.

OS DIAS – Saber aproveitar a vida não tem nada que ver com encontrar a melhor maneira de desfrutar os nossos dias de peregrinação por esse vale de lágrimas, ou de inventar a fórmula mágica do melhor “como estar aqui”. Saber viver, saber solver o que a vida tem a nos ofertar, tem haver com encontrar um por que viver; encontrar um sentido para elevar-nos da monotonia nossa de cada dia para que a nossa caminhada seja mais que um vagar sorumbático que vá de uma aurora casual até um crepúsculo inoportuno.

CUSTA TANTO – O poder sempre cobra um elevado preço daqueles que o cobiçam. Um preço bem alto; que vai muito além da imaginação de todas as almas que apostam as fichas de sua vida na obtenção dele. Porém, é perfeitamente imaginável, e suficientemente temível, para todos aqueles que desejam ardentemente conquistar não o reino dos césares, mas sim, o de Deus.

ASSIM DESSE JEITO – Estudar a palavra de Deus não é e nem deve ser encarada como uma forma de interpretá-la à luz de nosso limitado entendimento. Estudá-la, deve sim, ser um esforço sincero e abnegado de interpretação da vida, da nossa vida, à luz da sabedoria divina manifesta por meio das palavras presentes nas páginas da Sagrada Escritura.

AO SOM DA GAITA – Quando o ritmo da música muda, a cidade estremece. Assim apontava Platão, com singular agudeza. Não só isso. Quando o ritmo da música, juntamente com sua melodia e harmonia, são transubstanciados, os alicerces da alma são abalados. Por isso a cidade treme e os olhares atentos temem pelo que está por vir.

DUAS DIREÇÕES – Uns esforçam-se em fazer do ato de orar o centro pulsante de suas vidas; outros, por sua deixa, fazem da sua excitação sensual – juntamente com as fantasias que dela advém – o centro irradiante de sua existência. Os primeiros labutam pelas coisas do alto; os segundos deleitam-se em ficar agrilhoados com o que há de mais baixo em nossa alma.

(*) professor, cronista e bebedor de café.

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