Mais uma crônica de Francisco Carlos Caldas

Temos ouvido, lido e visto muitos xingamentos e impropérios a autoridades e políticos do País, que vão do chamar o presidente da República, de Bozó, imbecil; o ex-Presidente  Lula de alguns depreciativos e injúrias;  Paulo Freire de energúmeno, e aí por diante. Esses extremismos, fanatismos vulgaridades e ofensas não estão com nada, e repudiamos.

E até em nossas fraquezas, raivas e ódios, devemos nos esforçar para ser comedidos, racionais, e fazer combates e críticas com impessoalidade, ou seja, focando o vício, o crime, o problema, e não a  qualquer pessoa. Por exemplo, é feio, horrível, ser ladrão, corrupto, injusto,  explorador do mais fracos e oprimidos. É legítimo, válido e exercício de cidadania, ser contra e combater o mal que alguém faça, mas respeitando a dignidade de cada ser humano, além do que muitos são maus porque não foram suficientemente amados e educados.

É legítimo, salutar, combater o pecado, o mal, mas o ideal e recomendável de uma forma impessoal, ou seja desvinculada da pessoa do pecador e malfeitor. Ou seja, é feio isso e aquilo, seja quem quer que o pratique determinados atos, sem o relativismo ético, combatido pelo filósofo grego Sócrates (469 a 399 a.C.), que  propunha regras de coerência universal para o comportamento humano. Platão e Aristóteles, tentaram ampliar o conceito para melhor compreensão das bases ontológicas do ser.

Palestra de Luciano Sajdsznadjer, da Fundação Getúlio Vargas-FGV, lamentou que nossa sociedade ainda esteja com problemas nessa área, dando espaço ao relativismo ético, como se fosse defensável que cada grupo tenha as suas regras. Participantes do esquema se aproveitaram da proximidade do poder para tirar proveito, como se isso fosse normal e legal, havendo centenas de esquemas parecidos no Brasil. Ambiguidade ética vem de nossa cultura colonial, com origens bem antigas, de corporativismos, patrimonialismos já alvo de muitos estudos, e poucas ações de combate.

Há que se ter muito cuidado com alguns ditos, injúrias e relativismo ético, pois, pode revelar um lado ruim, negativo, do emissor dessas  leviandades, pois, se esses caras com a trajetórias, históricos de vida, cargos que ocuparam, merecem esses ataques e negatividades todas, e cada um de nós com o que já fizemos na vida, podemos ser chamados do que?

Cada um tem a sua marca, personalidade, pontos fortes e pontos fracos. Ninguém é completo, perfeito, sábio, santo ou algo do gênero. Mesmo pessoas que tiveram trajetórias lindas, fantásticas, tiveram seus tropeços e fraquezas. E respeito é bom  e bonito e há que ser mais praticado, principalmente para os que fazem mais uso de celular, Redes Sociais,  e que é comum se excederem.

Falar, pregar, escrever, catequizar, educar, são atos importantes, mas muitas vezes o silêncio é ouro, ou “um amigo que nunca trai”, como dizia o filósofo chinês Confúcio, que viveu nos anos 551 a 479  a.C. Mas sem omissões, indiferenças, neutralidade e a contracultura do “Paz e Amor” do Movimento hippie, dos anos 60.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, cidadão ex-professor de EMC)

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