Por Valter Israel da Silva e Claudemir Gulak*
Documentos como a carta de 2070 e diversos filmes de ficção nos mostram um futuro com solo árido, desertos, escassez de água e ar. Mas aí a gente fica pensando: “Isso é ficção científica”. Então vemos notícias como o racionamento dramático de água em Curitiba como consequência da crise hídrica no Estado do Paraná, a contaminação de peixes em alagados por resíduos de agrotóxicos, a da seca na bacia do Sistema Cantareira que abastece São Paulo, queimadas e desmatamento descontrolados no Pantanal e na Amazônia, o derretimento das calotas polares, secas prolongadas, chuvas e temporais cada vez mais intensos, tsunamis, pandemia com indício de relação com o desmatamento, etc. Tudo isso nos faz que talvez não seja só ficção, que talvez não esteja tão distante de nossa realidade, nos leva a pensar no Meio Ambiente. Pensar em como preservá-lo. Ao pensar em preservação ambiental logo pensamos que isso impede o processo produtivo, mas, será que não existem meios de preservar e produzir?
Para refletirmos sobre este (im)provável futuro, é de suma importância entendermos alguns conceitos como Meio Ambiente, preservação ambiental, conservação ambiental e recuperação ambiental.
Para a Organização das Nações Unidas (ONU) o Meio Ambiente é o conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e sociais que podem causar efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos e as atividades humanas. Pensando em vida futura e na promoção da Sustentabilidade para garanti-la, delimita-se metas e 17 objetivos para o milênio. Para atender esses objetivos precisa-se preservar aquilo que ainda resta de vegetação primária, conservar, ou seja, usar os recursos de maneira racional e sustentável e ainda recuperar as áreas destruídas pela irresponsabilidade do homem, buscando alternativas de produção que não venham a agredir drasticamente a natureza, como por exemplo, sistemas agroflorestais, agroecológicos quais veremos nos próximos artigos.
Portanto, Meio Ambiente é o espaço em que vivemos, de onde tiramos tudo o que precisamos para nossa subsistência. Sendo assim é indiscutível que precisamos ter clareza na concepção de como preserva-lo e conserva-lo. Para isso torna-se fundamental o entendimento de conceitos e técnicas como produção sustentável, agroecologia, agroflorestais, e outras, buscando romper com a dicotomia entre preservação e produção, afinal temos meios que permitem produzir e preservar ao mesmo tempo.
Estes e outros assuntos serão temas de reflexão nesta coluna. Boa leitura e boa reflexão a todos/as.
*Valter Israel da Silva é camponês, Técnico em Agropecuária, agroecologista e terapeuta homeopata. Militante social. Autor dos livros: Caminhos da afirmação camponesa, elementos para um Plano Camponês, Capitalismo Campesinato e luta, poesias camponesas e Classe Camponesa, modo de ser, de viver e de produzir. Foi co-produtor da Revista Biodiversidade sustento e culturas e ex Secretário Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Habitação de Pinhão. *Claudemir Gulak é professor, tecnólogo em Gestão Ambiental, licenciado em Geografia, bacharel em administração pública, técnico em eletrônica, especialista em gestão pública municipal, especialista em diversidade escolar, educação do campo, quilombola e indígena. É co-produtor do programa Brajeiradas S/A. Foi ex-Diretor de Meio Ambiente do Município de Pinhão, integrador do Programa Municipal Vale-Feira (BUFUNFA). É integrante da Startup Guris&Cia. Incentivador e pesquisador de técnicas sustentáveis de produção e gestão do Meio Ambiente.