Francisco Carlos Caldas

FRAUDES ELEITORAIS 

            Dias desses (24/04/2021, s.f.d.m) lemos uma crônica do professor e colunista do Jornal “Fatos do Iguaçu”, Dartagnan da Silva Zanela, com menções a históricos gaúchos como:  Borges de Medeiros, Júlio de Castilhos, Getúlio Vargas, passou um filme em nossa “cachola” sobre fraudes eleitorais, e já nos lembramos de forma impactante o ocorrido em Pinhão, nas eleições municipais de 1992.

            Havia todo um clima de terror e fraude, e para atenuar um pouco da tensão o Prefeito da época, Darci Brolini, de saudosa memória, conseguiu através do Juiz Federal Edgard Lipmann Júnior, um agente da Polícia Federal para dar uma sensação de um mínimo de segurança já que da esfera da Justiça Eleitoral e Estadual local, o clima era de manipulações e influências negativas e não dava para se esperar grande coisa. E muitos escrutinadores com empregos prometidos na Prefeitura, e ligados  a oposição do Governo 1989-1992.

            Ocorreram muitas abusos. Cada partido podia indicar dois fiscais por sessão. Estivemos em algumas sessões eleitorais, que candidatura da opressão tinha 6, 8, 10 fiscais com crachás, para na prática atuarem como cabos eleitorais e fazerem boca de urna. No Faxinal dos Coutos, teve até uma cena interessante e impactante. Uns “fiscais” quando me enxergaram e eram pessoas que tínhamos ligações, vestiram blusas e jaquetas para tentar cobrir os crachás, e para judiá-los e o calor era grande ficamos bastante tempo no local, para ver se alguém desmaiava, tinha alguma vertigem. Um horror!”

            E o pior aconteceu na apuração no Ginásio dos Esportes, principalmente depois um intervalo e na contagem das últimas 10 ou 12 urnas eleitorais. A fraude pública e notória foi acachapante, e não foi à-toa que o candidato da situação pegou 5.000 votos redondos,  porque  no número de votantes, foi feito uma matemática que o candidato da situação não poderia pegar mais do que 5 mil votos, e quem foi aclamado vencedor pegou 5.077 salvo falha de memória.

            As eleições de 1992 fora manchada pela influência de um  indivíduo que queria, se passava e atuava como um Todo Poderoso, com poder de fazer e acontecer, e não foi à-toa que nessas eleições se elegeram 3 cartorários, quando na nossa idiossincrasia só um deles tinha potencial real de se eleger.

            Até hoje tem escrutinadores, que tiram sarro, se vangloriam e até penitenciam de como as coisas aconteceram. Numa intervenção que foi feita por uma Fiscal da situação, tinha 17 votos do candidato da situação no maço do que fora manipulado para vencer, mas esse tipo de intervenção foi um caso isolado de atendimento a rapinagem, surrupiagem  de votos.

            E o pior disso tudo, foram os lamentáveis ocorridos nos anos de 1993-1996, em que Pinhão sofreu a sua maior e mais grave crise politica de sua história, e que os estragos perduram até os dias de hoje, inclusive com um concurso fraudulento que inchou a Prefeitura, com pelancas ainda não curadas. E Fiscais se não fosse feito um “levante” iriam ser uns 40, mas mesmo assim, de 2 que existiam (seu Doca e Ana Ribas) e viraram 17 ou número próximo a isso, e em que vários acabaram ficando ociosos ou em desvios de função.

            Os maiores perdedores disso, não foram os que tiveram votos surrupiados, mas Pinhão e seu povo, ainda que da natureza do processo democrático, temos que “cada povo tem o governo que merece!”, mas quando há fraude, essa sintonia  e justiça não se efetiva.

            E fraudes eleitorais ocorrem não só na contagem/apuração de votos, mas em promessas hipócritas e irresponsáveis de candidatos, que em campanhas prometem o mundo e os fundos, de benesses, vantagens, realizações. Ainda nos causa náusea, as promessas de 1992 de vinda para cá, da Sadia, Perdigão, do Leonardo da Klabin, em que só a Klabin deste último  iria gerar aqui 2 ou 3 mil empregos.

 Nossos respeitos aos que enfrentam e vencem eleições, principalmente aqueles que não compram votos e cabos eleitorais, e não se envolvem em corrupção, caixa 2, crimes eleitorais, promessas hipócritas, demagógicas, irresponsáveis que muitas vezes subestimam a inteligência do povo, os considerando como fosse uma manada, burrarada ou gente vulnerável para não dizer que tem preço, “do me engana que eu gosto” e  depreciativos do gênero.

            E enfrentar essas coisas não  é para qualquer um, mas as urnas eletrônicas por mais que alguns questionem segurança e possibilidade de fraudes, temos como uma conquista e avanço de relevância para a lisura final do processo eleitoral. E viva a democracia, que é o tipo de governo  que apesar dos pesares e problemas é o que está mais de acordo com a condição social, livre e racional do homem, como aprendi em 1970 em aula e livro de   OSPB.

  Francisco Carlos Caldas, advogado,   municipalista e cidadão.

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