Por Bruno Zampier

Sabe qual o pior veneno para a inteligência?

É a pessoa estudar filosofia (ideologia) de esquerda, sem antes ter estudado e entendido bem os grandes filósofos: Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino.Porque aí a pessoa vai passar anos – muitos passam a vida toda – partindo sempre do pressuposto de que filosofia consiste em criticar e defender pontos de vista.

Este é o ensinamento que vai implícito nos textos de Marx & cia. E é assim que ela vai ler, pensar e debater tudo que lhe aparece na frente, pelo resto dos seus dias. Isso vai moldar sua personalidade inteira e até definir seu destino. Ela estará presa nessa forma simplista de pensar e se comportar. Isso não é filosofia, isso é política. E aliás, uma política deformada, que produz barbaridades.A esquerda pois, consiste nisso: reduzir tudo à política.

Já a Filosofia consiste em amar e buscar a verdade a qualquer preço, o que inclui, obviamente, ser muito humilde e disposto a rever a própria vida, as próprias atitudes, as próprias opiniões, mesmo aquelas mais arraigadas. Requer coragem para se reestruturar a partir do interior, mesmo que isso signifique voltar atrás.

Até porque, quando se está indo na direção errada, voltar atrás significa avançar, como já disse alguém.E nesse caminho, torna-se inevitável que as conclusões da mais alta filosofia coincidam em muitos pontos com a verdadeira religião. Assim perceberam os escolásticos, quando constataram a harmonia entre muitos preceitos das Escrituras e os textos dos antigos gregos.

Por isso, preservaram a filosofia ao invés de criticá-la ou destruí-la, encontrando nela uma aliada e não uma adversária. Sobre ela, adicionaram a sabedoria espiritual e criaram uma obra monumental. Já quando se trata do pensamento ideológico de esquerda, veja bem, sua incompatibilidade com a religião é sempre latente.

A esquerda sempre se colocará na mais alta conta, arvorando-se uma posição inicial de crítica ou de propostas de revisão da tradição religiosa e filosófica, antes de absorver e abarcar o significado. Seu objetivo não é compreender a realidade filosófica e religiosa, mas prevalecer sobre ela. Não é continuar uma construção, mas demolir aquilo que existe, na esperança de encontrar aí a satisfação de uma vaidade intelectual.

E não será este um pecado dos mais velhos, destes de que já estamos fartos? Sócrates maltrapilho, tão perspicaz quanto feliz, desvelando as confusões mentais dos sofistas, poderia ter muito bem recitado a passagem bíblica, se a conhecesse: “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade!”.

Se há nisto alguma verdade, então aí temos um pouco de filosofia. E de religião.

 Bruno Zampier, mestre em Filosofia do Direito pela UFPR, especialista em Direito e Processo Penal pela ABDConst, professor de Direito Penal e Filosofia do Direito. Advogado.

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