poesia

Eu falo com meus silêncios, noite adentro na escuridão, com meus nadas e solidão, procurando no horizonte vasto, reflexos sobre os pastos, vindos da direção do céu, e assim tapeando o chapéu vejo um clarão na relva nua, a majestade – num quarto de lua que em luz estende seu véu!

Logo abaixo num ranchinho debruçada sobre a janela, a silhueta de uma donzela. de beleza não menos rara, que também se compara, com a lua pampeana, lindaças e araganas trazem a escuridão por diante como duas debutantes, as beldades palacianas!

Se adonam de meu coração que quase salta pra fora, nem vejo o passar das horas, retovado de claridade, que emana das divindades, meu ser enfeitiçado, as majestades lado a lado, em barbaresca mistura, parecem encurtar lonjuras, debaixo do céu estrelado!

A moça olhar destapado, lua prateada a noite clareia, meu coração balanceia, sorvendo a xucra fragrância, parecia não ter distancia, a lua pra aquele ranchinho, bebedores dos caminhos, contramarcados de afeto, bailando no mesmo teto, retouçando mesmos carinhos!

A noite segue silenciosa meu olhar já embaciado, sinto-me enovelado, pelas princesas prateadas, que cruzam madrugadas, com seus reflexos de luz, que hipnotiza e me conduz, pelo fito do olhar, me deixando sem piscar, inebriado de reluz!

Porém numa noite escura o ranchinho emudeceu, a chinoca não apareceu, a janela não foi aberta, senti minha alma irrequieta, e dessa noite em diante, pra ser menos angustiante, e matar as saudades – tua, namoro quartos de lua da crescente a lua minguante!

Marcos Serpa de Lima

Escritor e Compositor

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