Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
Para muitos, na escola, todo dia é dia de folia, nunca de estudo. Bem, mais dia, menos dia, eis que chega o dia da famigerada prova. Por quê? Para alguns é apenas mais um dia. Para outros um verdadeiro tormento. Na sociedade moderna são raras as almas que não tenham passado por esses momentos em que as plúmbeas nuvens de dúvida se fecham sobre nossas cabeças que, por sua deixa, ficam a soltar faíscas e raios no dia da dita cuja.
Os professores, que aplicam o referido instrumento que marca sua presença na vida escolar dos indivíduos desde os idos da velha Arcádia, ouvem, hoje em dia, uma pergunta que com uma frequência mais que indesejável se faz soar nos seus ouvidos. O abençoadinho, com seu olhar a corcovear por entre as cabeças dos colegas, procura até mira as vistas do docente e diz: “Fessor! A recuperação é quando mesmo?”
Quando um professor ouve uma pergunta desse naipe, pode ter certeza que sobe pela sua espinha sete tipos diferentes de sentimentos nada gentis (sejamos polidos nessa altura da escrevinhada e não falemos bestagens nessa hora).
E é claro que o infante infame não entende porque tal indagação seja tão inapropriada e gere no mestre tanto dissabor. Alguns aluninhos até fazem beicinho e ficam bravinhos se o teacher lhe repreende pelo dito e, em muitos casos, isso ocorre, porque essas pobres almas infantis nunca receberam a necessária e indispensável educação doméstica. Em suas casas tudo podiam; tudo podem. Porém, na escola, ao menos, espera-se que a banda toca noutro ritmo (o que nem sempre acontece).
Bem, pra ficar mais fácil, troquemos por miúdos: seria apropriado você chegar em sua casa e vendo a mesa servida para o almoço, perguntar para a mãe se ela pode fazer outra coisa pra você comer? É óbvio que não! Em muitos casos é melhor nem imaginar o que a mãe faria com o boca aberta que disse-se isso, não mesmo? E por que a mãe reage rispidamente frente a uma pergunta como essa? Por quê? Porque perguntar esse tipo de coisa é uma tremenda falta de educação meu caro! Pois é. Pedir quando será a recuperação enquanto ainda se está fazendo a prova é praticamente a mesma coisa, a mesmíssima falta de educação.
Resumindo: se não estudou, se você não se preparou para o desafio da prova, ao menos seja educado e enfrente a situação com um mínimo de magnanimidade.
Outra coisinha: recuperação não uma espécie de direito fundamental extraído das entrelinhas do decálogo; é, antes de qualquer coisa, um vil subterfúgio de pseudo-alunos e de pais insensatos para eximirem-se de sua responsabilidade.
(*) Professor, cronista e bebedor de café.
‘Fessor, a recuperação é quando mesmo?’
10/04/2017 - 13:32
Autor: Naor Coelho