Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

Tenho um sincero horror a todo e qualquer tipo de catolicão. Esse tipo de católico, segundo Agripino Grieco, é aquele que quando morre fica muito impressionado por descobrir que Deus existe.

Muitos são os sinais que evidenciam o quão catolicão são certos católicos. Todavia, me restringirei, nesta parva missiva, a apenas um: a aversão insincera para com a devoção da récita do Santo Rosário.

Como todo catolicão, essas figuras olham com um desdém olímpico para o Santo Terço, declarando que não entendem como muitos podem ficar repetindo uma mesma prece por tanto tempo e, por isso, creem que estão muito acima dela. Por essa razão, lhes bastaria uma mera jaculatória, “bem feita”, que já seria suficiente e superior a, por exemplo, a reza, sem zelo, segundo eles, de mil Aves Marias.

Ora, carambolas! Perguntaria a essas cândidas alminhas o seguinte: há algum santo que se santificou com essa ideiazinha de vidinha espiritualzinha de mísera oraçãozinha que eles advogam? Outra coisa: desde que foi revelado para São Domingos de Gusmão há algum santo que recriminou a fiel récita do Rosário? Aliás, por que a Virgem Santíssima, em todas as suas aparições, pede tão insistentemente que se recite justamente dessa oração?

Pois é, vai ver que a Virgem Santíssima e todos os santos se esqueceram de ouvir os sapientes conselhos dessa gente tão obscuramente iluminada. Aliás, contrariando esses sabichões diplomados, a Virgem Santíssima, em suas aparições em Montechiari, Itália, com o título de Nossa Senhora da Rosa Mística, chorou e pediu aos fiéis: oração, sacrifício e penitência para salvar o mundo, conforme revelado no dia 24 de outubro de 1984, ao padre Gobbi. Ela pediu mil Ave Marias. Mil. Não uma.

Pois é, porque será que Nossa Senhora não deu e não dá ouvidos aos catolicãos ilustrados? Imagino que ela deva ter lá as suas razões.

Os ilustrados catolicãos nunca pararam pra pensar que o fato deles resistirem tanto à prática dessa devoção; deles considerarem-na repetitiva acaba entregando-os, desarmados, à repetição mecânica de todas as idéias e cacoetes que nos são infundidos diuturnamente através da televisão e demais meios de comunicação, estejamos cientes ou não disso.

Será que os catolicãos pararam alguma vez para pensar nisso? Sei não, mas confesso: acho, sinceramente, que deviam fazê-lo e rever, urgentemente, a sua falta de convicção e excessiva preguiça espiritual para aquecer devidamente a sua morna fé.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.212

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