Por Nara Coelho
Conversar com a Indianara é conversar com uma explosão de alegria, força, entrega a Deus, com alguém que respeita de onde veio, que tem consciência como chegou aonde está e tem clareza de onde quer chegar….
Indianara Santos é uma mulher…
De 38 anos, dinâmica, decidida, que rompe padrões, espirituosa, empreendedora, que é perfeccionista, que enfrenta a vida de peito aberto, que não tem medo de tomar decisões. Explosiva, hoje, menos que ontem, gosta das coisas no lugar, que já foi muito consumista, que se reinventa diante das transformações da vida.
Uma reservense que ama suas origens
Em 1983, quando a pequena Indianara Santos veio ao mundo lá na comunidade de Baia de parto normal pelas mãos de uma parteira, a comunidade ainda pertencia ao municipio de Pinhão, assim, na sua certidão de nascimento consta pinhãoense.
Mas de vivência e amor ela é reservense. Das duas que o casal Ney Caetano Santos e Marilene Almeida, tiveram, ela é a primeira.
Primeira neta…
De uma turma de 10 primas, Indianara é a primeira neta, isso fez com que ela se aproximasse muito da avó Almeri Almeida, “A minha vó acompanhou toda a gravidez da minha mãe, ajudou a parteira no meu nascimento, eu sou a neta mais velha. Além disso, logo depois nasceu a minha irmã Patricia, então fui criada muito por minha avó e o meu amor e ligação com ela é muito especial”.
Criada no interior
Indianara se criou na comunidade Baía e fala do lugar com muito carinho, “O lugar onde meus pais moram eu cresci, é muito gostoso, se pudesse queria ser enterrada lá”, (muitos risos).
Quando ela fala da infância se transporta para lá, “Minha infância foi brincando com as minhas primas, brincando de pega-pega, esconde-esconde, andando a cavalo, comendo ingá, brincando no riacho, tudo de bom”.
Mas também de muitas responsabilidades, “brincávamos muito, mas tínhamos responsabilidade de levantar cedo e organizar o café dos meus pais, que iam cedo para lavoura, à tarde tratar dos animais. Muitas vezes ajudei na lavoura, fui carpir, sei o que é uma guaxuma, (risos). A minha geração soube aproveitar muito a infância.”
Volta às origens…
“Construí uma casa lá perto da minha mãe, é o meu refúgio, eu moro num paraíso, Deus me deu esse presente, me fez voltar para o local da minha infância, sou muito abençoada”.
Aluna destaque…
Muito cedo sentiu Indianara sentiu que queria uma vida um pouco diferente da dos pais “Eu sou filha de agricultores, eu vi e vivi como essa vida é sofrida, eu queria algo diferente”.
Ela conta com entusiasmo e orgulho, “Estudei no colégio rural Anita Garibaldi até a 3 série, depois, fiz o ginásio e o ensino médio no colégio Izabel Siqueira”.
Percebendo cedo que os estudos era o caminho para transformar sua vida, focou neles, sendo uma das alunas destaque nas turmas que frequentou, “Sempre fui de querer crescer, eu sabia que os estudos era o caminho para alcançar os meus sonhos, os meus professores do Colégio Izabel me incentivaram muito, lembro até hoje das professoras Dilvania, Cleide, o professor Dartagnan, falando da importância do estudo na nossa vida sou muito grata a todos eles”.
Faculdades…
Indianara terminou o Ensino Médio em 2001, mas só foi fazer o vestibular para o tão sonhado curso de Letras Literatura, na Unicentro, em 2003, “Era meu sonho, o vestibular na época era muito concorrido, passei em 3º lugar e tenho muito orgulho disso”.
Ela não parou de estudar, se formou depois pela Unicesumar em Letras Inglês, graduou também em Administração e Gestão Pública, e no momento faz a pós graduação Educação 5.0, “Estou me preparando para mestrado em Tecnologia na Educação, pois, hoje, atuo nesse meio, a gente tem que buscar se aperfeiçoar sempre, é preciso ter um diferencial”.
De auxiliar de cartório a empresária…
O primeiro emprego da hoje diretora do Polo de Pinhão da Faculdade Censupeg, foi no cartório de Reserva do Iguaçu, “Foi com meu padrinho Erondi e a madrinha Silmara que trabalhei pela primeira vez, foi uma escola de vida, sempre agradeço a eles pelos puxões de orelha, me prepararam para a vida profissional e para tudo na verdade”.
Entre o primeiro emprego e empresaria do ramo da educação, Indianara trabalhou no Caixa Aqui na farmácia, que era do casal Anderson e Angela.
Trabalhou por 6 anos no banco Santander, contou que para conseguir a vaga teve que participar de uma disputa, quem conseguisse em um determinado prazo trazer mais correntistas para o banco, conseguia a vaga, “Para mim nada veio fácil, tudo sempre veio em forma de desafio, a vaga de promotora de venda no banco Santander não foi diferente”.
Trabalhou na prefeitura de Reserva do Iguaçu no setor de compras e planejamento, “Nessa época, comecei a pensar, sou formada em Letras, que é o meu sonho, ainda não lecionei, quando abriu uma vaga de PSS no Colégio Michel, assumi, larguei o emprego de um salário bem razoável, e nunca me arrependi”.
Educação, uma paixão…
Quando Indianara começa a falar em educação e no trabalho na faculdade Censupeg, ela ganha vida, o olho brilha.
De 2012 a 2017 foi professora do estado, “Fui professora no Michel e em Santa Luzia, amava dar aula lá, levantava de madrugada, 5 horas e pouco da manhã pegava o busão”.
A Censupeg…
De 2012 a 2017 conciliou as aulas do estado com ser consultora educacional da Censupeg “Eu abri turmas de pós graduação em RI e Foz do Jordão”.
2014 a oportunidade…
Dois anos depois de iniciar como consultora educacional, o diretor da faculdade Sandro Albino Albano, lhe ofereceu a oportunidade de montar um polo de graduação, “Como sentia vontade de voar para além dos limites de Reserva do Iguaçu, decidi montar o polo em Chopinzinho, fiz uma parceria com o Colégio Bom Jesus, passei pela exigente avaliação do MEC em 2017.
2017, um marco…
“Em agosto de 2017, com a minha separação, eu me mudei para o Pinhão e disse adeus à carreira de professora do estado, assumi a direção da expansão da faculdade, primeiro montei o polo em Pinhão, hoje, como diretora de unidade, eu tenho na minha carteira 10 unidades, tenho mais umas cidades em vista”.
Em relação à vida profissional, fala com determinação, “Tenho propósitos de vida dentro da educação, tive outras oportunidades, eu escolhi a Censupeg, aprendi na vida que você tem que fazer a faculdade que você sonha e trabalhar onde voce gosta, onde voce se sinta acolhida, fazer o melhor com o que você tem em mãos”.
Esposa e mãe jovem…
Indianara conclui aos 17 anos o terceiro ano do Ensino Médio, grávida, teve a linda Larissa Stephany Zimpel, casou e viveu nessa união por 17 anos, “Há 3 anos decidi buscar caminhos diferentes. Ele fez parte da minha história como pessoa e mulher, a gente não pode ter vergonha do passado. Até porque o passado, as dificuldades nos agregam muito, nos fortalecem”.
Uma decisão conjunta…
A empresária conta que ela insistiu no casamento por causa da filha Larissa e porque acredita que Deus está à frente de tudo que as coisas acontecem na hora certa, “Tomamos a decisão juntas de nos separarmos do meu ex-marido, ela foi a minha maior incentivadora, a Indianara preferia ficar dando murro em ponta de faca, a principal preocupação era ela e por ela aguentei muita coisa, foi tudo também questão de Deus, pois tudo aconteceu na hora certa”.
Rupturas…
“As rupturas que surgem em nossa vida são divisoras de água, elas são importantes. Elas vêm para melhorar, principalmente porque nos levam a olharmos para dentro de nós, a perceber que é importante cuidar de nós”.
Preconceito…
Por mais dificil que seja de imaginar em pleno século 21, Indianara conta que sofreu muitos preconceitos, “Não foi só eu, a minha a minha filha também sofreu. Não foi fácil, várias noites de choro, de tristeza, ter que suportar os ataques de preconceito, mas superei, o importante é que cuidei da minha filha, garanti os estudos dela, hoje ela está no 3º ano de Direito”.
Novo amor…
Hoje Indianara tem Claudemir da Rocha como companheiro, ele trouxe para ela um novo olhar para a vida, “Ele me projetou para um mundo novo, para o simples, para o que é de fato importante na vida”.
Novo preconceito…
Para viver esse amor teve que enfrentar um novo preconceito, o de se unir a um homem mais novo. “Os preconceitos vêm de todos os lados, inclusive da familia, porque o que é permitido para o tio da Indianara não é permitido para ela. O preconceito tem um gosto muito amargo, eu aprendi a conviver com ele, aprendi a engolir ele tranquila, ignorando seu gosto”.
Derrubando padrões…
“Minha vida sempre foi com constantes desafios, eu gosto disso, eu sou instigada de manhã por desafios”.
Indianara se posiciona como uma mulher que enfrentou a sociedade e seus padrões, “Eu bati de frente com muitos padrões sociais, casei nova, engravidei antes de casar, me separei, casei com um rapaz mais novo, a sociedade ainda não aceita muito bem a mulher que decide fazer suas escolhas independente dos padrões, eu enfrentei tudo isso e hoje não tenho medo de nada”.
Sem ressentimentos…
As dores e sofrimentos foram muitos, “Tenho muitas passagens na minha vida que me fizeram sofrer muito, mas elas me fizeram crescer como mulher. Não tenho ressentimentos de ninguém, de nenhuma pancada que levei guardo mágoa, foram elas que me fizeram crescer e me ensinaram a me respeitar e me valorizar porque o respeito dos outros vem do respeito que a gente tem pela gente”.
Vaidosa sim…
Não saio sem batom, arrumar o cabelo de manhã é ritual, cabelo brasileiro tem de passar um pouco de água, (risos).
A mulher tem que se arrumar para ela, não importa se a filha, o marido gostou, ela tem que se sentir bem e bonita, sempre fui vaidosa. A mulher tem que ter dentro dela o se cuidar, o se arrumar, é muito importante, você estando bem com você, se amando, vai dar conta de estar bem com os outros.
Uma mulher com batom vermelho ninguem segura!
Sou realizada…
Valorizo muito o que tenho, eu só tenho a agradecer a Deus por tudo de bom que aconteceu na minha vida, pela minha história de vida. Sou uma mulher completa. Deus decerto me presenteia bastante hoje porque ele vê a história daquela menina que nasceu lá na comunidade Baia, que a vida inteira esteve junto com os pais trabalhando na lavoura, estudando em escola rural, sempre teve muita responsabilidade com tudo. Tenho uma filha muito estudiosa, um companheiro guerreiro, o Claudemir aonde eu vou, ele vai, só posso agradecer”.
Recado a Indianara menina…
Perguntei o que a Indianara de hoje diria à menina Indianara lá da comunidade Baía, “Continue assim, sendo você, não tenha medo, meta a cara,viva tudo que você tem que viver, cruze com quem voce tem que cruzar”.
Ser mulher para Indianara é
“Estar todos dias tendo que buscar o respeito das pessoas porque o masculino já tem esse respeito por ser homem, a vida flui para o homem, a mulher tem que lutar por ele diariamente em todos os sentidos da vida, em todos os espaços. Tem que estar se reinventando.
Muitas que vieram antes de nós deixaram um grande legado, na minha vida me espelho na minha vó e na minha mãe. Nós hoje temos muito mais oportunidades que elas de sermos dona de si.
Digo às mulheres…
Hoje temos todas as oportunidades do mundo de ser uma vitoriosa, tem que estudar se a mulher quer mudar sua vida. Para realizar os seus sonhos, busque conhecimento, aperfeiçoamento, seja voce manicure ou médica. O primeiro passo para ser respeitada, amada e conquistar os sonhos, é ter isso dentro da gente, é sentir o querer, o desejo interior para depois buscar pessoas que possam ajudar nessa caminhada.
Mulheres precisam ter independência financeira porque ela traz o suporte para as outras áreas, ela dá voz às mulheres.
É muito bom ser mulher!
Eu amo ser mulher, a Indianara hoje está numa boa situação, mas se ela tiver que tirar leite, trabalhar no duro, vai tranquilo, porque mulher enfrenta a vida de frente, ela estuda, cuida de si e dos filhos, com ou sem marido ela vai em frente.
Quem é a Indianara Santos hoje…
“Uma mulher que se cuida, sabe o que é uma alimentação saudável, consegue ser ouvida e ouvir, vê nas coisa simples a beleza da vida.
Uma mãe que se fez desnecessária, pois hoje minha filha toca a vida dela com absoluta certeza, os dez polos que construímos juntas, uma esposa que ouve, que é sensível, que respeita o companheiro, é respeitada.
Uma mulher que está em plenitude em todos os sentidos da vida, brinquei com a minha mãe, se eu morrer hoje, estou tranquila, ela ficou brava comigo,( muitos risos).
Que não enverga por qualquer coisa, que sabe que os desafios vêm para fortalecer a alma, que não se deve focar no problema mas na solução.
Que tem muitos sonhos, de construir uma sede própria do Polo de Pinhão, de fazer mestrado e doutorado, de ser vó, mas que tem ciência que, se eles acontecerem, vai ser muito bom, mas se não, é tranquilo, pois Deus está na frente, assim, fico no aguardo do que ele vai me proporcionar, me dar se ele quiser ceivar a Indianara, estou preparada também, muitos risos”.