Por Dartagnan da Silva Zanela

[1] Há quem diga que um feto com doze semana de vida poderia ter sua existência ceifada, abortada, tendo em vista que sua atividade cerebrina seria similar à de uma pessoa que teve morte cerebral e, por isso, argumentam: se o segundo pode ter seus órgãos doados, por que o primeiro não poderia ser abortado? Bem, só o fato de alguém fazer esse tipo de analogia – de um feto com um cadáver – dá pra entender com clareza porque São João Paulo II chamava isso de cultura da morte. Mas, vamos por partes: uma pessoa, com morte cerebral, seria um indivíduo que findou a sua existência e que, em vida, declarou que seria de sua vontade que seus órgãos fossem destinados para doação. Um último gesto de amor pelo próximo. Muito bem, já um feto, por sua deixa, é uma vida em seu início e, independente da intensidade da atividade cerebral intrauterina, o que temos ali é uma vida em seus primeiros passos, não um cadáver. Aliás, já vi pessoas compararem um feto com uma espinha. Isso mesmo. Com uma acne. Vi outros comparando-o com um tumor. É mole ou quer mais? Infelizmente tem muito mais. Pois é, como havia dito antes, diante disso tudo dá pra entender porque São João Paulo II identificava essas tranqueiras como sendo a cultura da morte.

[2] É muita leviandade desconsiderar todo o lobby internacional que está montado na defesa da legalização do aborto. É muita imprudência ignorar que, nos países onde essa prática foi legalizada, o número de abortos cresceu (com um ou duas exceções). É muita desfaçatez não reconhecer que o aborto é um negócio que movimenta milhões e milhões de dólares, sendo, desse modo, uma verdadeira indústria da morte. É uma tremenda insensatez desconsiderar as inumeráveis doenças e problemas que um aborto pode causar a uma mulher (seja ele feito legalmente ou não). É muita negligência ignorar as consequências demográficas que, em médio e longo prazo, a prática do aborto pode causar em uma sociedade. É muito, muito temerário afirmar que seria apenas uma mera questão de opinião dizer se alguém tem direito ou não de existir. É, também, muita incúria moral ignorar os aspectos eugenistas e hedonistas que são inerentes à cultura da morte. É muito cinismo acreditar que privar um indivíduo do direito à vida seria um ato de generosidade.

Enfim, leviandade das leviandades. É muita leviandade mesmo tudo isso que hoje se apresenta a nós, feito um Herodes desses infames tempos pós-modernos, com essas rotas vestes de uma suposta “questão de saúde pública”.

 

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