É muito difícil construir qualquer coisa. Agora, para destruir, são dois palitos. A herança civilizacional que recebemos das gerações que nos antecederam custou muito suor, sangue e lágrimas para chegar até nós. Oxi! Como custou. Agora, para acabar com ela, basta uma ou duas gerações de desvairados criticamente críticos, soberbos até o tutano, para avacalhar com tudo e nos lançar ladeira a baixo, rumo à barbárie, em nome dum mundo melhor possível, é claro.

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Para mentalidade pseudo-religiosa e sumamente presunçosa que impera no mundo contemporâneo, falar a respeito do pecado seria algo duma imensurável crueldade, tamanho o grau de demência espiritual que governa o coração dos homens modernosos. Para esses, tudo é tolerável, menos serem lembrados que eles não são tão bonzinhos quanto imaginam ser e que, os outros, que não rezam na mesma cartilha, não são tão malvadões quanto eles acreditam.

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“Não tenhais medo”. Lembremo-nos disso. Repitamos isso na alvorada, no correr do dia e, inclusive, quando formos dormir. Não tenhamos medo, apesar de estarmos nos borrando nas calças.

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Desconfiemos sempre de qualquer pessoa que creia, piamente, ser capaz de explicar todos os problemas humanos com meia dúzia de palavras-chaves. Feliz ou infelizmente, a vida é um pouquinho mais complexa e profunda que um punhadinho de termos, pouco importando se eles estão paramentados com aqueles trejeitos acadêmicos ocos, posudos, como se fossem anúncios proféticos.

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Qualquer um que tenha realmente tentado entender qualquer coisa, por pequena e insignificante que seja, sabe muito bem que a realidade não pode ser reduzida a um punhadinho de palavras.

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Reconhece-se facilmente um homem oco pela sua incapacidade de pedir perdão.

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Se a geração atual impressiona pelo grau de petulância e displicência, não nos impressionemos não. A próxima, possivelmente, irá superar a atual nesses quesitos. Quem viver verá.

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Não existe nada que mais nos condene que a incapacidade de reconhecermos que podemos estar errados. Não é por menos que o mundo moderno está desse jeito. Todos nós nos consideramos sumamente certos. Certíssimos. Por isso estamos todos, em maior ou menor medida, redondamente errados.

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A liberdade apenas nos é devida quando a conquistamos por meio do cumprimento zeloso de nossas responsabilidades. Caso contrário, aquilo que chamamos frequentemente de liberdade não passará de ostentação caprichosa dum monte de frivolidades infantis que consideramos nosso quinhão mais que merecido.

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O homem moderno não quer ser livre. Não. O que ele quer, com todas as forças do seu ser, é uma coleira de ouro e um dono minimamente gentil. E a esse servilismo canino ele gosta de chamar de “liberdade” para, obviamente, não ter de admitir o quão abjeta é sua condição servil.

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Gente frívola. É isso que temos para o momento. Gente fútil que denomina seus fricotes mil com o apelido carinhoso de cidadania. É isso o que temos para o momento. Só isso e olhe lá.

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A ausência de limites gera, invariavelmente, pessoas moralmente fracas. Tão fracas que, basta um olhar levemente torto para que o infeliz desmorone e revele a todos a sua petulância sórdida frente a um capricho seu que lhe foi negado.

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É possível que todos estejam errados e apenas nós certos? Dificilmente. Principalmente se nos colocamos na posição duma vítima inerme. Se nos vemos desse modo é porque estamos procurando, a todo custo, nos esquivar da possibilidade de tomarmos consciência de nossos equívocos. É. E não há nada neste mundo que mais assuste uma alma de papelão que a possibilidade de nossa consciência falar alguma coisa ao pé de nosso ouvido.

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O caboclo sem vergonha é um sujeito que morre de medo frente à possibilidade de ter de ouvir o eco de sua própria consciência. Por isso ele adora repetir, sem cansar, que a culpa é sempre, sempre dos outros, nunca dele.

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Uma sociedade que adota como novo ídolo a tal da “horizontalidade” é uma sociedade condenada à barbárie.

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Tem muito caboclinho que adora falar na importância das relações horizontalizadas. Chega ser bonito de ver. Agora quando o caos se tornar reinante, de mãos dadas com a barbárie generalizada, não adiantará nada reclamar não, porque, num mundo horizontalizado, onde não se mediu esforços para destruir toda ordem hierarquizada, que foi historicamente concebida, o que valerá será tão só e simplesmente a ousadia dos petulantes que, unidos ou isolados, acabam sempre sendo os mais fortes. E aí meu amigo, não haverá “mamãe barriga me dói”. Vai ser um Deus nos acuda. Que viver verá.

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Onde o senso de dever é ridicularizado, a petulância e a displicência tornam-se a regra moral.

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A humildade é a virtude fundamental para a realização da dita cuja da educação. Além disso, vale lembrar que essa é a virtude que os demônios mais odeiam, quando é cultivada por nós. Aliás, como eles a odeia. Trocando em miúdos, não é à toa que esse seja um dos pré-requisitos mais desprezados pelas mentes bem pensantes e que, em seu lugar, acabaram por colocar a petulância rasteira – devidamente fantasiada de “criticidade”, é claro – como pré-requisito fundamental para ter-se a tal da educação, que, noves fora zero, acaba sendo um sistema de destruição de qualquer possibilidade de educar alguém.

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Não atiro pérolas aos porcos não. Nada disso. Eu atiro merda no ventilador mesmo. É mais divertido e tremendamente educativo, tendo em vista o jeito que o mundo está; tendo em conta o jeito em que estamos.

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Sim, o ser humano é um animal racional. Animal e racional, mas, não apenas isso. Somos muito mais complexos e, por essa razão, somos tão complicados e, ao mesmo tempo, tão fascinantes enquanto criaturas. Se fôssemos simplórios como muitas mentes iluminadas querem nos fazer parecer, ao invés de sermos criaturas autônomas, abençoadas por Deus com o livre-arbítrio, nós seriamos tão somente coisões maciços, autômatos, meros objetos para serem manipulados ao bel prazer das mais variadas foças sutis que existem nesse mundo.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela, diretamente do fundo da grota.

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