coluna acontece saúde: Doença de Alzheimer

Casos no Brasil podem quadruplicar sem um Plano Nacional de Cuidado às Demências

A cada 3 segundos, há no mundo um novo diagnóstico de demência. Mais da metade é da Doença de Alzheimer. Em média, há um crescimento de 10 milhões ao ano no mundo. Seis milhões, em Alzheimer. No Brasil, temos 1,5 milhão de pessoas vivendo com demência. A estimativa é que o número quadruplique nas três décadas futuras.

A demência é uma das causas mais comuns de incapacidade e dependência entre as pessoas idosas. Além da questão humana, existe um grave impacto global. Estima-se que daqui dez anos os custos em cuidados e tratamento chegarão a US$ 2 trilhões.

A doença provoca a degeneração das células cerebrais, resultando na perda de memória e das funções cognitivas. Entre as pessoas que estão na casa dos 85 anos ou mais, 35% tem Doença de Alzheimer. 

Em relatório mundial divulgado pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), estudo da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres com cerca de 70 mil pessoas de mais de 100 países diferentes alerta para a desinformação da população: dois terços dos entrevistados acreditam que a demência é normal e faz parte da velhice. A falta de orientação sobre o tema prejudica o diagnóstico precoce e tratamento adequado.

O envelhecimento pode sim causar leve esquecimento, mas não prejuízos à vida pessoal e profissional. Contudo, como distinguir um caso de outro?

Os neurologistas do país, por meio da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), defendem a criação de um Plano Nacional de Demência, com políticas consistentes em saúde pública, garantindo tratamentos/assistência social às famílias de pacientes, divulgando ininterruptamente campanhas de esclarecimento e, assim, prevenindo o aumento dos casos. Tudo com a participação de instituições de saúde, do poder público e do conjunto da sociedade.

É exatamente isso que ao Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza. Um elemento relevante em um plano de demência é apoiar cuidadores. A OMS, inclusive criou o iSupport, programa de treinamento on-line que informa como lidar com mudanças de comportamento e cuidar da própria saúde.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, argumenta que toda atenção é pouca neste momento em que o mundo ainda enfrenta a pandemia da Covid-19. “As evidências científicas confirmam que o que é bom para o coração também é bom para nosso cérebro”, diz ele.

A prevenção da Doença de Alzheimer pode começar por essa linha. De acordo com Jerusa Smid, coordenadora do Departamento Científico (DC) de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da ABN, “a atividade física é indispensável do ponto de vista de prevenção. Além disso, a questão da poluição também é um dos novos fatores modificáveis”, pondera. “Os fatores de risco cardiovasculares podem interferir na evolução de demências, assim como os distúrbios de sono”.

Para o diagnóstico há esperança de que seja descoberto um marcador biológico com assertividade no diagnóstico à Doença de Alzheimer. Ainda não o temos. Porém, já há luz no fim do túnel. Estudos publicados recentemente na revista JAMA apontam ser viável identificar a doença de Alzheimer através de um exame de sangue. O biomarcador (o fosfo-tau 127) diagnosticaria a taxa dessa proteína no sangue vinte anos antes do começo do comprometimento das funções cognitivas. Entretanto, só mais testes dirão se realmente será eficaz para distinguir o Alzheimer de outros tipos de demência.

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