Não sei nem o que dizer. Então por que escrever? Por teimosia? Sim, bem provavelmente. Por vaidade? Também. Não tenho dúvidas quanto a isso. Mas não apenas por esses dois motivos.

Escrevo porque gosto. Gosto por demais. Sim, verdade seja dita: gosto, mas não sei fazer direitinho o que faço. Entretanto, me esmero pra fazer da maneira mais zelosa possível por respeito às palavras, por apreço aos leitores e por amor a ambos que, de certa forma, me acompanham nessa minha peregrinação solitária à procura pelo conhecimento da verdade em meio aos excrementos da realidade.

Em se falando nisso, na tal da verdade, confesso uma coisa: meu Deus, meu Deus, como gente crítica é um porre quando lê alguma coisa que destoa daquilo que elas estão acostumadas a “pensar”. Sim, sei que esse tipo de gente [crítica] é um porre por [mau] costume, porém, quando leem algo que foge aos cinquenta tons excrementícios de sua fossa mental, não há epocler que dê conta.

O trem fica feio pra caramba mesmo. E a razão disso é muito simples, bem simples mesmo: é que esse tipo de alma decadente, imagina, candidamente, que repetir os mesmos cacoetes mentais que aprendeu a mecanicamente na sua graduação ideologicamente (des)orientada seria uma suposta expressão de excelsa atividade intelectual.

E se o infeliz for para além dessa deformação diplomada – com a mesma desorientação – meu amigo, ninguém segura esse tigrão engajado com sua sarnice. Parêntese. E vejam como a coisa é engraçada. Quer dizer: na verdade é triste, mas como a gente é sem vergonha, partimos a nossa pança de tanto rir desses tongos com suas tonguices. Fecha parêntese.

Vejamos: eles vivem se gambando que são defensores da pluralidade de ideias; não param, um segundo sequer, de dizer que devemos ouvir todas as versões dos fatos; porém, eles são os primeiríssimos a ignorar as tais várias versões sobre qualquer coisa e não fazem a menor cerimônia para censurar, calar e difamar qualquer um que destoe de seu transe hipnótico e, como todos já devem ter percebido, gente desse naipe acha tudo isso uma lindeza democrática – desde que sejam eles os autores da feiura.

É claro. Mas, não se esqueça que eles fazem tudo isso em nome do bem, do tal “mundo melhor possível”. É sempre importante lembrarmos disso. Ora, vocês já viram um marxista ler e comentar um livro de um crítico da tradição marxista? E não venha com essa conversa fiada de que isso não existe que eu, que sou caipira, conheço uns pares, de grande e pequeno calibre.

Detalhe: não só existem como não são nem um pouco fracos. E por que não conhecem? Se são pessoas tão esclarecidas – como roga a lenda – que gostam tanto de conhecer perspectivas diferentes sobre a realidade, porque não procuram conhecer o que diz aqueles que contradizem as suas ideias? Porque, na real, tais alminhas capacitaram-se, até o momento, a apenas pensar por meio dum punhadinho restrito de ideias. Ideias essas que, diga-se de passagem, elas não conhecem tão bem quando afirmam conhecer, mas que, nutrem um profundo afeto por elas.

Talvez, por isso, ficam tão irritadinhas quando essas ideias são questionadas. Bem provavelmente, também, seja por isso que essas alminhas ficam doidas quando os símbolos que as representam são confrontados com algo. Nossa! Como ficam doidas. E ficam assim porque não conseguem pensar um problema através duma perspectiva que não seja a sua amada e idolatrada ideologia.

Como muitas delas dizem para si na frente do espelho: “tenho medo de sofrer influências”. Sem perceber, elas acabam, com sua tal criticidade, agindo de modo similar a uma criança assustada que não gosta de ouvir historinhas de visagem por temer vê-las durante a noite no seu quarto. Buh! Sim, eu sei que isso é ridículo, mas é isso que temos pra o menu do dia.

E é o que teremos por muito tempo, ao que tudo indica. Digo isso porque sou caipira e, como tal, não sou nem um pouco otimista. Mas porque escrevo sobre isso. Por vaidade? Provavelmente. Por teimosia? Talvez. Francamente escrevo por tentar, com grande sinceridade, descrever a desgraça descomunal que tomou conta de nosso país, onde pessoas, que no fundo são boas, portam-se de maneira histérica, sendo incapazes de reconhecer e aceitar as mais patentes obviedades, simplesmente porque tais realidades não cabem dentro da caixinha de veludo das suas crendices ideológicas.

Crendices essas que, ao seu modo, dão algum sentido a sua monótona vida pós-moderninha. Não é à toa que essas pobres almas ficam tão irritadas, espumando de raivinha, quando alguém balança os alicerces do seu castelo de cartas marcadas. Não é à toa que não há Cristo que as convença das mais evidentes verdades.

Elas não querem sair do conforto de sua alcova, de sua caverna ideológica/existencial. De jeito maneira. Enfim, em não podendo fazer nada para convencê-las a abrir os olhos, rezemos e peçamos a Deus que as toque, já que não fomos e não somos competentes o bastante para fazer isso.

Fim de causo.


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