Rev. Sandro

De um lado, nos deparamos com pessoas tomadas pelo medo, extremamente ansiosas, apavoradas em relação a pandemia. Vivem numa tensão diária, e em muitos casos se alimentam do conteúdo dos profetas do desespero, trazendo para si mesmos e outros, problemas de saúde. Por outro lado, nos deparamos com pessoas que ignoram totalmente a pandemia, não respeitam as determinações sanitárias, inclusive mesmo positivadas, vão em todos os lugares, sem se preocuparem com os outros. A única máscara que usam é da hipocrisia.

Sempre se alimentam de conteúdos negacionistas, nem ouvem o contrário, pois vão em busca daquilo que concorde com eles. Infelizmente, a tal da polarização, está presente na pandemia, ou seja, são dois polos, os que negam e os que exageram (ainda bem que há um grupo que não cede a essa polarização). A questão é bem mais profunda do que isso, a pandemia não tem culpa das divisões, das tretas entre os prós e os antivacinas, essa divisão é do coração humano.

Vejam bem, não quero aqui dizer que o grupo do meio está certo, ou ainda, afirmar que ficar em cima do muro é a melhor solução. Devemos buscar uma postura equilibrada e sensata, examinar nossas motivações, conversar com pessoas próximas e estarmos preparados para ouvir do outro, para percebermos se estamos polarizando ou não a pandemia. Precisamos de sensatez ao digerir as informações que chegam até nós, é confiável, é apartidária, o que os especialistas dizem a respeito, esses especialistas são parciais ou imparciais, tem ideologias estranhas por detrás, enfim a lista é grande.

Não podemos transformar o cuidado e prudência em medo, ou ainda, transformar a coragem e ousadia em precipitação e negação. Devemos acalmar, consolar aqueles que perderam alguém devido ao vírus, ou ainda ficaram com sequelas, ter o cuidado para não alimentar os seus medos, ou ainda ignorar a dor do outro, tratando o vírus com certo negacionismo. O mesmo vale para aqueles que não perderam ninguém para a Pandemia, e para aqueles que positivaram, mas ficaram assintomáticos, ou tiveram reações bem leves, isso não deve ser motivo para serem imprudentes em relação aos cuidados, ou tratar com desdém aqueles que sofrem mais com isso.

Enfim, nem coronofobia nem negacionofobia, precisamos sim é de prudência e discernimento, para continuarmos a caminhada, vencendo os desafios, mesmo num contexto de pandemia. Precisamos de sabedoria para lidar com o outro, sermos canal de consolo aos abatidos e ansiosos devido a pandemia, ao mesmo tempo, revelarmos prudência e discernimento aqueles que tem ignorado esse maldito vírus. Não temos como pausar a vida em meio a um contexto como esse, ao mesmo tempo que, não podemos ignorar o que está acontecendo, a vida continua.

Não podemos ser reféns das polarizações, devemos sempre sondar corações e mentes, para mantermos equilíbrio em meio do desequilíbrio. Para tanto, temos a promessa da presença transformadora e contínua Daquele que não é afetado por nenhum vírus, antes derrama sobre os seus filhos amor grandioso, bondade gigante, cuidado diário – JESUS CRISTO, Ele mesmo disse “eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20). Lembrando que nas Escrituras há uma expressão que aparece 366 vezes – NÃO TEMAS, para cada dia do ano, até o ano bissexto não escapa, temos essa fala do Eterno Deus, para entregarmos nossos medos e receios na sua presença.

Rev Sandro – pastor da Igreja Presbiteriana de Pinhão

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